Em Curitiba, projeto social leva conforto térmico à família de baixa renda com caixinha de leite descartável

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ODS 12 
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

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Você já parou para pensar que caixas de leite podem fazer toda diferença na vida de uma família? É isso mesmo! A ONG Brasil Sem Frestas, que atua na cidade de Curitiba, dá um novo propósito para o material que é visto como lixo na maior parte das casas brasileiras.

A cidade, conhecida por ter uma das temperaturas mais baixas do Brasil, acaba sendo bem difícil para famílias que vivem em condições precárias: casas construídas de maneira muito simples, sem qualquer vedação contra o vento, frio e chuva – além da possível entrada de insetos e animais peçonhentos pelas frestas das casas.

O trabalho começa com a coleta e seleção das caixinhas de leite. Após recolhidas elas são separadas por marcas e tamanhos e depois cortadas. Separadas, as caixinhas são devidamente cortadas e costuradas, formando placas de revestimento. Os voluntários levam as placas para regiões carentes, e com a ajudar de um grampeador de pressão, revestem todas as paredes e teto das casas.

A solução, que parece simples e sem muito segredo, melhora a condição de vida de muitas pessoas! No total, foram 50 cases já revestidas graças a equipe de voluntários. Cada casa precisa de aproximadamente 3 mil caixas para ser revestida por completo. Para ajudar também, conheça os pontos de coleta e o site da iniciativa.

Tudo começou em 2009, na cidade de Passo Fundo, quando a química Maria Luisa Camozzato preocupou-se com famílias em vulnerabilidade social em meio de tempestades. Conhecedora da estrutura das embalagens Tetra Pak, naquela noite Maria Luisa teve uma inspiração: unir as caixas, fazendo uma placa com efeito isolante térmico. Dessa forma, encontrou uma possibilidade de bloquear o frio, o vento e água que entravam pelas frestas e buracos das casas.

Com a ideia em mente, a química convocou colegas para formarem um grupo de voluntariado. Juntos, iniciaram o trabalho de coleta, corte e costura das caixas. A iniciativa permitiu que as famílias pudessem ter um conforto imediato, sem depender de grandes investimentos ou auxilio governamental. A partir daí foi criado o Brasil Sem Frestas, logo o projeto se espalhou para várias regiões do Brasil.

Em 2016 a dona de casa, Tânia Ribas conheceu do projeto e se apaixonou pela ideia. No começo, era apenas duas mesinhas que sustentavam as atividades. Com a parceria dos amigos, vizinhos e da família, ganhou força na região e logo transformou a garagem da residência em um posto de trabalho.

Atualmente, são 89 voluntários que se dividem nas tarefas. Alguns deles usam as próprias casas e empresas para coletar as caixas. Durante a semana também desenvolvem outras atividades. Nas segundas-feiras ocorre a separação, corte e costura das caixinhas. As quintas e sábados são reservadas para o trabalho a campo.

Para revestir as casas, Tânia e sua equipe se encontram pela manhã levando todo o material e muita boa vontade. As residencias escolhidas ficam em regiões onde as casas são feitas com materiais simples, como tapumes de madeira e lonas. Por entre as frestas passam o ar gelado, vento, umidade, animais peçonhentos e insetos.

De acordo com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), a cidade tem atualmente cerca de 400 ocupações irregulares e 49 mil famílias vivendo em residências consideradas precárias. Gente que não tem como se proteger das condições climáticas naquela que é considerada a capital mais fria do Brasil. Mas o número de inscritos no cadastro de pretendentes a imóveis da Cohab é ainda maior: 53 mil. E a espera por um lar digno não tem data para acabar. (Dados Cohab 2017).
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Por Jéssica Miwa

Fonte: The Greenest Post