ONG cria renda mínima para catadores durante a pandemia
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ODS 8
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos
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Ainda que cerca de 90% de todo material reciclado do país sejam coletados pelos catadores, a categoria continua atuando na informalidade e sofrendo com a invisibilidade em relação às políticas sociais. Com a disseminação do novo coronavírus, a vulnerabilidade do grupo que tira seu sustento das ruas ficou maior. O cenário levou a ONG “Pimp My Carroça” a criar uma renda mínima para esses trabalhadores.
Por meio de um financiamento coletivo, a organização, que atua há oito anos junto aos catadores de materiais recicláveis, arrecadou R$ 318.856, que serão distribuídos entre profissionais já atendidos pelo Pimp My Carroça. No total, 2.328 pessoas apoiaram a iniciativa via vaquinha virtual. Além disso, algumas pessoas fizeram doações diretamente na conta da ONG e empresas também contribuíram, totalizando cerca de R$1,4 milhão arrecadados. A quantidade de catadores que receberá o benefício ainda não foi decidida, assim como o valor que será disponibilizado para cada um, mas a ONG estima que pelo menos 1770 trabalhadores recebam o benefício de cerca de R$ 800.
Após levantar o valor, a ONG tem feito uma varredura no banco de dados da instituição, que é criadora do aplicativo “Cataki”. O app liga catadores a pessoas e empresas que desejam contratar serviços de reciclagem. O levantamento pretende identificar os trabalhadores em situação vulnerável devido à pandemia e auxiliá-los com a renda mínima, e cartões com o crédito estabelecido pela iniciativa já estão sendo distribuídos para os trabalhadores. Vinte e dois voluntários da ONG já efetuaram cerca de sete mil ligações telefônicas para apurar a situação dos trabalhadores neste momento.
— Descobrimos que a renda do catador que tinha que trabalhar para ganhar o dinheiro do almoço despencou. O catador estava desprovido de renda e tinha que ficar em casa. Antes do governo federal, lançamos nosso projeto de renda mínima com o intuito de levar dinheiro a essas pessoas. Colocamos uma meta de R$ 500 mil — conta Mundano, grafiteiro e fundador da ONG. — Nas ligações que fizemos, houve catadores que renunciaram ao apoio porque têm consciência de que há colegas com necessidade maior. Muitos disseram “eu estou bem, tenho minha reserva, deixe o benefício para meu colega”.
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Cestas e KITs de higiene
Além da renda mínima, a ONG atua em outras frentes durante a pandemia com a distribuição de KITs de higiene, refeições e cestas básicas. De acordo com a Pimp my Carroça, desde o início da disseminação do novo coronavírus, já foram distribuídas mais de 16 mil refeições em São Paulo e cerca de 1.500 cestas básicas.
Um vídeo ensinando a confeccionar o “Kit água e sabão” para garantir a higiene dos catadores e evitar a disseminação do vírus viralizou nas redes e pessoas comuns passaram a produzir o material, que, basicamente, consiste em duas garrafas pet uma com água e outra com água e sabão diluído.
Ao longo dos anos, a ONG, que já contou com a ajuda de 2.400 voluntários, auxiliou mais de dois mil catadores em 50 cidades ao redor de 15 países. Além dos voluntários, 1.200 artistas já participaram de iniciativas da ONG, que também reforma os carrinhos de coleta dos catadores. Para os interessados em fazer doações, o Pimp my Carroça disponibiliza o e-mail doacoes@pimpmycarroca.com.
— O Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo. E, ao contrário do que se pensa, não é um país que doa muito. Mas, neste momento a sociedade civil, por incapacidade do governo e de um líder que age contra o que diz a OMS, foi a primeira a dar resposta. Essas pessoas doaram o que puderam para que catadores pudessem ter um isolamento social mais digno. O projeto de auxílio emergencial do governo não chegou à maioria dos catadores — afirma Mundano.
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Recomendações do MP
No final de março, após o início da pandemia, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União emitiram uma nota com recomendações para garantia da saúde dos catadores de materiais recicláveis durante a pandemia. Entre as recomendações, os órgãos estabeleciam a necessidade de pagamento de renda mínima para esses trabalhadores, assim como fornecimento de álcool em gel e kits de proteção.
— Existem ainda catadores nos lixões do país. Temos muitos catadores em situação vulnerável e há subnotificação sobre isso. Esse é um universo invisível para muitas pessoas. Na pandemia, essa categoria se tornou mais visível, já que muitos não pararam de trabalhar, arriscando-se nas ruas — conclui Mundano.
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Fonte: O Globo
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Ainda que cerca de 90% de todo material reciclado do país sejam coletados pelos catadores, a categoria continua atuando na informalidade e sofrendo com a invisibilidade em relação às políticas sociais. Com a disseminação do novo coronavírus, a vulnerabilidade do grupo que tira seu sustento das ruas ficou maior. O cenário levou a ONG “Pimp My Carroça” a criar uma renda mínima para esses trabalhadores.
Por meio de um financiamento coletivo, a organização, que atua há oito anos junto aos catadores de materiais recicláveis, arrecadou R$ 318.856, que serão distribuídos entre profissionais já atendidos pelo Pimp My Carroça. No total, 2.328 pessoas apoiaram a iniciativa via vaquinha virtual. Além disso, algumas pessoas fizeram doações diretamente na conta da ONG e empresas também contribuíram, totalizando cerca de R$1,4 milhão arrecadados. A quantidade de catadores que receberá o benefício ainda não foi decidida, assim como o valor que será disponibilizado para cada um, mas a ONG estima que pelo menos 1770 trabalhadores recebam o benefício de cerca de R$ 800.
Após levantar o valor, a ONG tem feito uma varredura no banco de dados da instituição, que é criadora do aplicativo “Cataki”. O app liga catadores a pessoas e empresas que desejam contratar serviços de reciclagem. O levantamento pretende identificar os trabalhadores em situação vulnerável devido à pandemia e auxiliá-los com a renda mínima, e cartões com o crédito estabelecido pela iniciativa já estão sendo distribuídos para os trabalhadores. Vinte e dois voluntários da ONG já efetuaram cerca de sete mil ligações telefônicas para apurar a situação dos trabalhadores neste momento.
— Descobrimos que a renda do catador que tinha que trabalhar para ganhar o dinheiro do almoço despencou. O catador estava desprovido de renda e tinha que ficar em casa. Antes do governo federal, lançamos nosso projeto de renda mínima com o intuito de levar dinheiro a essas pessoas. Colocamos uma meta de R$ 500 mil — conta Mundano, grafiteiro e fundador da ONG. — Nas ligações que fizemos, houve catadores que renunciaram ao apoio porque têm consciência de que há colegas com necessidade maior. Muitos disseram “eu estou bem, tenho minha reserva, deixe o benefício para meu colega”.
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Cestas e KITs de higiene
Além da renda mínima, a ONG atua em outras frentes durante a pandemia com a distribuição de KITs de higiene, refeições e cestas básicas. De acordo com a Pimp my Carroça, desde o início da disseminação do novo coronavírus, já foram distribuídas mais de 16 mil refeições em São Paulo e cerca de 1.500 cestas básicas.
Um vídeo ensinando a confeccionar o “Kit água e sabão” para garantir a higiene dos catadores e evitar a disseminação do vírus viralizou nas redes e pessoas comuns passaram a produzir o material, que, basicamente, consiste em duas garrafas pet uma com água e outra com água e sabão diluído.
Ao longo dos anos, a ONG, que já contou com a ajuda de 2.400 voluntários, auxiliou mais de dois mil catadores em 50 cidades ao redor de 15 países. Além dos voluntários, 1.200 artistas já participaram de iniciativas da ONG, que também reforma os carrinhos de coleta dos catadores. Para os interessados em fazer doações, o Pimp my Carroça disponibiliza o e-mail doacoes@pimpmycarroca.com.
— O Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo. E, ao contrário do que se pensa, não é um país que doa muito. Mas, neste momento a sociedade civil, por incapacidade do governo e de um líder que age contra o que diz a OMS, foi a primeira a dar resposta. Essas pessoas doaram o que puderam para que catadores pudessem ter um isolamento social mais digno. O projeto de auxílio emergencial do governo não chegou à maioria dos catadores — afirma Mundano.
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Recomendações do MP
No final de março, após o início da pandemia, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União emitiram uma nota com recomendações para garantia da saúde dos catadores de materiais recicláveis durante a pandemia. Entre as recomendações, os órgãos estabeleciam a necessidade de pagamento de renda mínima para esses trabalhadores, assim como fornecimento de álcool em gel e kits de proteção.
— Existem ainda catadores nos lixões do país. Temos muitos catadores em situação vulnerável e há subnotificação sobre isso. Esse é um universo invisível para muitas pessoas. Na pandemia, essa categoria se tornou mais visível, já que muitos não pararam de trabalhar, arriscando-se nas ruas — conclui Mundano.
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Fonte: O Globo