Combate à Fome em FOCO | Análises e Estudos  


Conteúdo enviado por Marcelle Fabiano, Mobilizadora COEP do Rio de Janeiro
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FOME: 9,5% da população do DF não comeu porque não tinha dinheiro para comprar comida nos últimos 3 meses, diz pesquisa da UnB 

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Por Mara Puljiz

Pelo menos 9,5% da população do Distrito Federal sentiu fome, mas não comeu, nos últimos três meses, porque não tinha dinheiro para comprar comida. A conclusão está em uma pesquisa realizada pelo projeto ObservaDF, do Instituto de Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).

Entre os dias 3 e 10 de dezembro, foram entrevistadas mil pessoas, com diversas rendas, gênero, e idades, nas 33 regiões administrativas do DF. O objetivo da pesquisa é mapear a insegurança alimentar, em tempos de pandemia, e os índices podem variar em dois pontos percentuais para mais, ou para menos, dentro da margem de erro.

O estudo mostra ainda que 39,9% dos moradores da capital federaltiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de ter condições de comprar ou receber mais comida. Já 25,3% dos entrevistados disseram que os alimentos acabaram antes que tivessem dinheiro para comprar mais.

Ao todo, 10% da população está em insegurança alimentar grave e, destes, 17% nunca consomem alimentos saudáveis como cereais, queijo, carne, aves ou peixes.
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Veja o consumo de alimentos da população do DF, segundo pesquisa da UnB

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Desigualdade estrutural

O cientista político e professor da UnB, Lúcio Remuzat Rennó Junior, que participou da pesquisa, chama a atenção para a desigualdade econômica estrutural na capital federal. “De modo geral, nós temos um nível de segurança alimentar no DF superior a do Brasil“, diz ele (veja tabela abaixo).

“Em 84% das casas nas regiões de alta renda há segurança alimentar, mas, nas regiões de baixa renda, o nível de insegurança alimentar é muito mais próximo do caos brasileiro”, aponta o pesquisador.

O pesquisador cita também que as políticas de inclusão e transferência de renda ainda estão “aquém das necessidades e precisam ser reavaliadas”. Veja alguns índices:

  • 51% da população que está em insegurança alimentar graverecebe algum tipo de auxílio
  • Somente 43% frequentam os restaurantes comunitários que oferecem refeições por R$ 1
  • Cerca de 30% recebem Bolsa Família
  • 19% têm acesso ao “Prato Cheio”, benefício do GDF para melhorar a qualidade de alimentação das famílias pobres

“A maioria não tem acesso aos serviços porque eles são pulverizados em vários programas com baixa cobertura, o que gera ineficiência na distribuição desses recursos porque eles não atenuam o problema da fome”, diz Lúcio Rennó.

Entre outras alternativas para reduzir a fome, o professor cita a oferta de transporte público gratuito para que mais pessoas carentes consigam chegar até os restaurantes comunitários, ou mesmo a distribuição de marmitas pelo governo.

Além disso, ele diz que é preciso haver iniciativas voltadas para a capacitação profissional, ofertas de cursos e reinserção no mercado de trabalho, já que muitas famílias, principalmente das regiões mais pobres, perderam o emprego durante a pandemia (veja gráfico abaixo).

Dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan-DF) mostram que, até outubro deste ano, Brasília somava 278 mil pessoas desempregadas.

Insegurança alimentar e má alimentação no DF em números:

  • 51% dos moradores do DF em insegurança alimentar grave recebem auxílio emergencial;
  • 43% de quem está em insegurança alimentar grave vai aos restaurantes comunitários;
  • 30% de quem está em insegurança alimentar grave recebe Bolsa Família;
  • 19% de quem está em insegurança alimentar grave recebe o cartão Prato Cheio.

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Fonte: G1/Globo.com