Sem medo de exagero, pode-se dizer que foi a primeira vez na história que as empresas do setor público se reuniram para atuar em comum, produzir sinergia em nome da solidariedade.
Após o impeachment do presidente Collor, o Movimento Pela Ética na Política (MEP) se reúne no Fórum de Ciência e Cultura para discutir os encaminhamentos do Movimento. Dom Luciano Mendes de Almeida, presente no encontro, sugere redirecionar a mobilização e a energia do MEP para a luta contra a fome.
Betinho, inspirado pela proposta, propõe, em março de 1993, a criação de uma mobilização da sociedade civil de âmbito nacional. Nasce a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria.
Em maio de 1993, por iniciativa de Betinho, Pinguelli e Andre Spitz, dirigentes de organizações públicas se reúnem no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ para debater o papel dessas empresas no combate à fome e à miséria no Brasil.
Nessa reunião, que contou com a participação de inúmeros dirigentes, Marcelo Siqueira, então presidente de Furnas, sugeriu a criação de um comitê,composto composto pelas organizações públicas, presidido por Betinho.
Estava dado o primeiro passo para a implementação do COEP.
..
ENTIDADES QUE ADERIRAM AO COEP
≣ Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural-Asbraer
≣ Banco da Amazônia
≣ Banco do Brasil
≣ Banco do Estado do ES-Banestes
≣ Banco do Nordeste do Brasil-BNB
≣ BNDES
≣ Caixa Econômica Federal
≣ Companhia Energética de MG-Cemig
≣ CNPq
≣ Centro de Pesquisa de Energia Elétrica-Cepel
≣ Companhia Energética de SP-Cesp
≣ Companhia Hidroelétrica de SP-Chesf
≣ Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira-Ceplac
≣ Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco-Codevasf
≣ Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica-GTEE
≣ Companhia Nacional de Abastecimento-Conab
≣ Dataprev
≣ Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético-DNDE/MME
≣ Departamento Nacional de Combustíveis-DNC
≣ Departamento Nacional de Obras Contra a Seca-DNOCS
≣ Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos-ECT
≣ Eletrobrás
≣ Eletronorte
≣ Eletrosul
≣ Embrapa
≣ Embratel
≣ Fed. Nac. de Ass. Atléticas Banco do Brasil-Fenab
≣ Fiocruz
≣ Finep
≣ Fundação Lyndolpho Silva
≣ Fundação Roquette Pinto
≣ Furnas
≣ Ibama
≣ IBGE
≣ Incra
≣ Infraero
≣ INSS
≣ Instituto C&A de Desenvolvimento Social
≣ Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição-Inan
≣ Instituto Nacional de Tecnologia-INT
≣ Itaipu Binacional
≣ Light
≣ Lightpar
≣ Nuclebrás Engenharia-Nuclen
≣ Petrobras ≣ Radiobrás
≣ Rede Ferroviária Federal-RFFSA
≣ Secretaria de Desenvolvimento Rural-SDR/MAARA
≣ Sebrae
≣ Serviço Federal de Processamento de Dados-Serpro
≣ Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste-Sudene
≣ Telerj
≣ UFRJ
≣ Vale do Rio Doce
Os primeiros passos | Destaques
Em 7 de julho de 1992, representantes de mais de 200 entidades da sociedade civil reuniram-se no Rio de Janeiro e leram, à luz de velas, 12 artigos da Constituição relacionados aos princípios fundamentais da ética na política, dos direitos sociais, da democracia e das responsabilidades do presidente da República.
O encontro, inicialmente batizado de Movimento Democrático Pelo Fim da Impunidade, acabou recebendo o nome de Movimento Pela Ética na Política (MEP). Seu objetivo era garantir seriedade às investigações da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que havia sido instalada em 1o de junho para apurar denúncias de corrupção no governo federal.
Rapidamente o Movimento ganhou a adesão dos mais variados segmentos da sociedade brasileira e gerou protestos e passeatas nas principais capitais. Toda essa mobilização social era articulada de forma descentralizada por entidades da sociedade civil e diversas organizações não-governamentais.
Para Andre Spitz a mobilização pelo impeachment representou um importante papel organizativo para a sociedade civil, tendo sido o elemento gerador em comum da Ação Pela Cidadania, do COEP e do Consea. “Era no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, então dirigido pelo professor Luiz Pinguelli Rosa, que ocorriam as principais reuniões do Movimento Pela Ética na Política. Logo após o impeachment, naquela que seria a última reunião desse movimento, d. Luciano Mendes de Almeida, então secretário-geral da CNBB, fez um pronunciamento de que toda aquela energia e mobilização social deviam ser utilizadas no combate à fome. Segundo d. Luciano, essa era a situação mais aética que havia no país”.
Para Andre Spitz, a partir desse episódio, Betinho, que também estava no encontro, sentiu-se inspirado para desenhar a Ação Pela Cidadania: “Era como se a mobilização e a energia do MEP tivessem sido redirecionadas para a luta contra a fome”.
SAIBA MAIS
>> Nossa história
>> Das ruas às redes: 15 anos de mobilização social na luta contra a fome e a pobreza
>> Cadernos da Oficina Social número 1 – Compromisso social: um novo desafio para as organizações
>> O Movimento Pela Ética na Política
>> A Criação da Ação da Cidadania
Elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado em 18 de março em 1993, poucos dias após o lançamento da Ação da Cidadania, o Mapa da Fome se transformou em uma estratégia para dar visibilidade às condições de vida da população mais pobre.
O número de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza apontado pelo estudo – 32 milhões – foi um dos principais instrumentos usados para fomentar o debate público em torno da questão. Com os dados do Mapa da Fome em mãos, e utilizando-se de sua facilidade em mobilizar a sociedade civil, Betinho conseguiu ter a imprensa como aliada na divulgação dos dados produzidos pelo Ipea: “A fome é exclusão da terra, da renda, do emprego, do salário, da educação, da economia, da vida e da cidadania. Quando uma pessoa chega a não ter o que comer, é porque tudo o mais já lhe foi negado”, declarou Betinho em um artigo publicado, em setembro de 1993, no Jornal do Brasil. .
Em maio de 1993, um encontro no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Urca, no Rio de Janeiro, reuniu dirigentes de organizações estatais para discutir o papel dessas empresas no combate à fome e à miséria. A iniciativa partiu do sociólogo Betinho, de Luiz Pinguelli, professor da Coppe/UFRJ e então presidente do Fórum, e de André Spitz, engenheiro de Furnas.
A assinatura do Termo de Adesão ao COEP
No dia 2 de agosto de 1993, em reunião no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, trinta dirigentes de instituições públicas assinaram Termo de Adesão ao COEP subscrevendo o Programa de Combate à Fome e à Miséria, coordenado por Herbert de Souza, reconhecendo o caráter público de suas organizações e o compromisso de participarem nessa luta.
Na reunião foram apresentados os programa individuais de ação de combate à fome e à miséria de todas as instituições que compõe o Comitê, a serem entregues ao presidente da República, e já divulgados para o Consea e para a Secretaria Nacional da Ação da Cidadania.
SAIBA MAIS
>> Nossa história
>> Das ruas às redes: 15 anos de mobilização social na luta contra a fome e a pobreza
>> Cadernos da Oficina Social número 1 – Compromisso social: um novo desafio para as organizações
>> O Movimento Pela Ética na Política
>> A Criação da Ação da Cidadania
>> Termo de Adesão ao COEP (documento)
>> Betinho, o COEP e um país mobilizado
No dia 10 de junho de 1993, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, foi realizada a segunda reunião do COEP, ainda com a presença de Herbert de Souza e de Luiz Pinguelli Rosa e com mais dirigentes participando, tendo sido discutidos o papel e a forma de atuação do Comitê, com propostas de troca de experiências, divulgação das ações, viabilização de parcerias, articulação com outras entidades do programa e a viabilização de um banco de dados de projetos. .