Naturalmente Cacheada


   

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#CAMPANHA
 realizada por #EDUCAÇÃO|ENSINO FUNDAMENTAL
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» Iniciativa realizada por Estudantes do 6º e do 8º anos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, em Sumaré/SP

Apesar de ter a história e a cultura africana e afro-brasileira presentes em algumas disciplinas, um grupo de três alunas não se sentia contemplada somente com os conteúdos expostos em sala de aula. Práticas racistas continuavam acontecendo, principalmente a partir de “piadas” sobre seus cabelos.

Os episódios afetavam diretamente a autoestima das estudantes e muitas, inclusive, acabavam recorrendo a tratamentos químicos de alisamento. Para resolver o problema, as jovens se mobilizaram para pesquisar o fenômeno e buscar soluções por meio de estudo e de ações concretas dentro e fora da escola.

A primeira iniciativa foi a realização de uma pesquisa, em 2017, em que entrevistaram 317 alunos do colégio. Os resultados foram impactantes: 48% dos estudantes declararam que já haviam praticado piadas sobre o cabelo de colegas pelo menos uma vez e 30% afirmaram ser vítimas deste tipo de atitude. Outro dado também chamou a atenção: as jovens percebiam que a maioria dos estudantes eram ne- gros, mas apenas 18% dos alunos se declaravam pardos e 23% pretos.

Verificando o problema de autoestima e também a negação da própria identidade, elas decidiram transformar a pesquisa em um projeto de iniciação científica, que conseguiu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, expandiram os questionários a outras quatro escolas do município.

Não se limitando às pesquisas, o grupo criou no início deste ano o clube juvenil Naturalmente Cacheadas, que reúne cerca de 30 meninas negras para discutir autoestima e empoderamento. Para conseguir recursos para a compra de livros escritos por escritores(as) negros(as) para a biblioteca do colégio, as jovens elaboraram uma camiseta com o rosto de uma mulher negra, acompanhada da frase “Aceite-se”. As obras compradas pelas estudantes também fazem parte da bibliografia do grupo de estudos inaugurado pelo clube.

Na escola, a experiência cresceu e dezenas de meninas começaram a frequentar as reuniões. Muitas delas passaram a se identificar como negras e deram início à transição capilar.

Para compartilhar e ampliar as ações do projeto, além do questionário encaminha- do a outras quatro escolas do município, as estudantes realizaram parcerias com o Ponto de Cultura e Memória Ibaô e com a Pastoral do Negro.

Reconhecidas pelo trabalho realizado, as alunas têm dado palestras em universidades e participado de seminários em outras cidades do estado. Recentemente, receberam o convite de estudantes de uma escola de Campinas (SP), que pretendem criar um clube juvenil inspirado no Naturalmente Cacheadas. Todas as ações do grupo são compartilhadas na página do Facebook do projeto.
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Fonte: Criativos da Escola