O mundo globalizado permitiu que a cultura oriunda dos países do Norte seja o centro do conhecimento, de forma geral, ou seja, o saber global é “eurocêntrico”. Segundo Boaventura de Souza Santos, é preciso, portanto, se fazer um debate em torno da recuperação de saberes e práticas sociais que, por via do capitalismo e do colonialismo, foram postos na posição de serem apenas objetos ou matéria prima dos saberes dominantes, ou seja, de “saberes dominados”. Neste processo, surge a noção de “ecologia dos saberes”, como uma estratégia epistemológica e política para dialogar com os saberes dominantes e criar forças entre os “ saberes dominados”. O uso de termo “ecologia” significa a convivência harmoniosa entre saberes distintos, ou seja, o diálogo que inclui os saberes populares, camponeses, indígenas, urbanos, etc. Sabendo da importância da ciência e das técnicas no processo de globalização hierarquizado, é importante levar em conta o posicionamento dessas populações, detentoras do saberes populares, em relação ao conhecimento científico.
Baseado nesta ideia da Ecologia dos Saberes, o projeto propõe que os alunos bolsistas possam trocar experiências e informações com os jovens líderes comunitários de 100 comunidades do semiárido nordestino visando conhecer a realidade local e vice-versa, na tentativa de entender como se dá a co-geração de conhecimentos, respeitando a interculturalidade capaz de produzir uma “constelação de saberes”, materializando a ecologia dos saberes.
Participaram do projeto alunos dos cursos de Gastronomia, Geografia, Letras, Comunicação e Engenharia de Sistemas da UFRJ. Do semiárido, participam cerca de 80 comunidades, principalmente através de jovens líderes comunitários.
http://coepbrasil.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Publicacao-Rede-dos-Saberes-OK.pdf