Tem sido meu grande privilégio de conhecer meus amigos e amigas do COEP – agora, ao longo de duas décadas. A celebração de 28 Anos me dá uma oportunidade de refletir sobre esta história pessoal, e de lhes enviar uma mensagem de solidária, apoio e amizade, igualmente de respeito e admiração. Minha mensagem vem de uma grande distância, através de tempo e espaço, mas nestes tempos difíceis, meus pensamentos ficam perto de todos e todas.

Minha jornada com COEP começou como uma conversação com Andre e Gleyse em 2001, durante uma visita que eles fizeram ao Canadá, naquele ano. O assunto tratado foi o lugar e o papel de comunidades e da sociedade civil, de uma forma mais geral, no processo político no Canadá; e, como iniciar um diálogo sobre isso entre canadenses e brasileira/os.

Minha primeira visita ao Brasil aconteceu , um pouco mais na frente naquele mesmo ano. Ao longo dos anos seguintes esta temática se tornou um tema de interesse para mim – minha introdução ao COEP em toda sua complexidade, aos muitos colegas, e aos membros de organizações e de comunidades através do país. Para mim, não foi sempre um projeto fácil: não tinha nunca visto uma organização como COEP, uma — como dizer?— um protagonista que atuava em um espaço na fronteira entre o estado, a economia e a sociedade civil. Mas, aprendi que o espaço onde essa rede atuava possibilitava a criação de uma fonte, um reservatório coletivo da criatividade, de energia, de imaginação e de compromisso; e isso não somente no âmbito das ideias, mas também das ações e mobilizações contra a fome e pela vida.

Poderia oferecer muitos exemplos de tudo isso, mas uma lista seria um pouco injusta – não poderia incluir tudo e todo mundo. Em lugar disso, gostaria de mencionar uma iniciativa que—para mim–representa as qualidades essências do COEP: a introdução dos centros de computadores nas comunidades do Semiárido. Este programa me mostrou a imaginação e a agilidade da rede, a capacidade de sentir uma oportunidade de oferecer aos membros das comunidades uma tecnologia com a qual eles poderiam transformar suas vidas. A capacidade também de aproveitar o espaço politico e de articular o apoio de lideres nacionais; e, a capacidade de mobilizar e articular os recursos materiais (na forma de computadores usados) e de encorajar os grupos organizados nas comunidades. E, finalmente, no nível de cultura organizacional, a capacidade de dizer que um plano não é algo sagrado, mas sim que o plano pode ser alterado radicalmente ao longo de sua implementação, sendo que o fator crítico que deve determinar o caminho de um plano deve ser a relevância de um projeto às prioridades, possibilidades, e interesses das comunidades.

É memorável e gratificante celebrar os 28 anos do COEP Nacional entidade da sociedade civil que vem, ao longo desses anos, articulando nos estados e municípios a criação comitês congregando pessoas e comunidades numa perspectiva inclusiva. As atividades emergenciais são importantes, pois “quem tem fome, tem pressa” ( Betinho) mas, é importante destacar, que o COEP vem se reinventado nas várias conjunturas a partir das necessidades e demandas populares.

Merece também destacar os projetos de orientação, formação e capacitação para o trabalho e de educação para a cidadania desenvolvida pelo COEP que têm como horizonte construir oportunidades, sobretudo para os jovens. Nesta trajetória as parcerias com entidades públicas e privadas têm permitido espraiar suas atividades e envolver um maior número de segmentos vulnerabilizados.

Durante minha atuação na Ação de Cidadania, no Consea Nacional, no Consea Ceará e no Fórum Cearense de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FCSSAN) foram fecundas a realização de algumas atividades conjuntas com o COEP na perspectiva de contribuir para a construção de um Brasil mais justo, sustentável e solidário.