Seis meses de pandemia do coronavírus: qual balanço que a medicina faz para o mundo?

Atualizado em 7/7/2020

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, faz balanço da pandemia e destaca prioridades nas quais cada país deve se concentrar agora para salvar vidas

Após superar a marca de seis meses, a pandemia do novo Coronavírus parece estar longe do fim. Atualmente, os números superam 11,4 milhões de casos confirmados e 533 mil mortos em todo o mundo. Diante do cenário alarmante, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um balanço sobre o progresso e lições que estão sendo aprendidas diariamente pela medicina.

Contágio exponencial e progresso científico durante a pandemia

Se no início da crise sanitária, levamos mais de dois meses para atingir a marca de 100 mil casos confirmados pela doença, hoje mais que dobramos esse número em um único dia. No último sábado, 4 de julho, a OMS revelou que seus países membros reportaram 212.326 novos casos de Covid-19, o maior em um único dia desde o início da pandemia. Somente Estados Unidos e Brasil, epicentros da doença no mundo, tiveram 53.213 e 48.105 novos registros, respectivamente.

Entretanto, se por um lado os números assustam e denotam atenção máxima, pesquisadores, médicos e outros especialistas reúnem relevantes dados de progresso científico.

Prioridades que devem ser adotadas na pandemia

Segundo Tedros Adhanom, embora a existência de uma vacina seja uma ferramenta importante a longo prazo para controlar a pandemia, existem cinco outras prioridades em que cada país deve se concentrar no momento com o intuito de salvar mais vidas.

1. Capacitar as comunidades

“Todas as pessoas devem entender que não estão desamparadas e que existem coisas que devem fazer para proteger a si mesmas e aos outros. A saúde de cada pessoa está em suas próprias mãos”, afirmou o diretor da OMS.

Medidas como distanciamento social, lavar as mãos com frequência, cobrir a boca ao tossir ou espirrar, usar máscaras de proteção, ficar em casa caso esteja doente e compartilhar apenas informações confiáveis seguem sendo papel de cada cidadão.

2. Treinamento e proteção aos profissionais da saúde

Garantir que todos os profissionais de saúde tenham acesso a treinamento e equipamentos de proteção individual, além de melhorar a fiscalização para detectar novos casos.

De acordo com Adhanom, intervenções importantes para interromper as cadeias de transmissão não dependem exclusivamente de alta tecnologia. Ela pode e deve ser realizada por uma ampla gama de profissionais.

3. A rápida detecção e os cuidados clínicos salvam vidas. E isso é um dever

“O fornecimento de oxigênio e dexametasona a pessoas cuja saúde é crítica e grave devido à doença salva vidas. E prestar cuidados especiais a grupos de alto risco, como idosos em instituições de longa permanência, salva vidas”. afirmou o diretor.

A eficácia da dexametasona no combate à Covid-19 pode ser explicada por sua capacidade de agir em inflamações, maior problema causado pelo novo coronavírus. Dessa forma, o medicamento suprimiria o sistema imunológico, diminuindo a resposta inflamatória exacerbada ocasionada pelo vírus.

4. Muitos aprendizados sobre o novo vírus foram adquiridos

Contudo, ainda temos muito a aprender. Segundo Adhanom, o progresso alcançado em pesquisa e desenvolvimento está sendo constantemente avaliado para que possam ser reconsideradas as prioridades de pesquisa na próximas etapas da pandemia.

5. A liderança política deve ser assumida em todos os países atingidos pela doença

“Como ressaltamos repetidamente, a unidade nacional e a solidariedade global são essenciais para implementar uma estratégia abrangente destinada a suprimir a transmissão, salvar vidas e minimizar as conseqüências sociais e econômicas do vírus”, destaca.

Reabertura das atividades econômicas pós pandemia e “novo normal”

Ainda segundo o diretor, o problema fundamental que todos os países enfrentarão a partir de agora é o que podemos chamar de novo normal, como viver com esse vírus.

A atenção agora está voltada para a reabertura de atividades econômicas e o ressurgimento de casos da doença.

Em todo o mundo, os países que adotaram medidas de reabertura econômica vêm enfrentando uma segunda onda no aumento no número de casos e internações por Covid-19. Estados Unidos, Itália, Suécia, Portugal e Coréia do Sul são apenas alguns exemplos de nações que estão revendo medidas e apostando novamente no isolamento social.

No Brasil, mesmo com o alto números de óbitos diários, alguns estados e municípios já divulgaram medidas e estão efetivando a reabertura econômica gradual. Nesta segunda, 6 de julho, a cidade de São Paulo, maior centro de doença no país, reabre bares, restaurantes e salões de beleza.

As regras incluem restrição de horário de funcionamento e capacidade máxima, distanciamento social e número máximo de pessoas por mesa. Além de medidas constante de higienização e cuidados com a aglomeração.

O estado de São Paulo conta com mais de 320 mil casos confirmados e 16 mil mortos pela doença. Ainda assim, o governo estadual também já autorizou a reabertura de teatros, cinemas, salas de espetáculo e academias de ginástica.

Fonte: Sanar Medicina