Sedentarismo é fator de risco para o agravamento da Covid-19

Atualizado em 23/7/2020

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) analisou as consequências da falta de atividade física durante a pandemia. Com a necessidade do isolamento social, as academias foram fechadas e muitas pessoas não têm motivação para fazer exercícios em casa. De acordo com Bruno Gualano, pesquisador e professor da USP, esse hábito pode prejudicar a saúde.

“Já existem evidências sólidas mostrando que a inatividade física contribui com mais de 5 milhões de mortes por ano. Existe uma pandemia por trás da pandemia, que é a pandemia da inatividade física. Se a gente pensar que existe uma tendência de aumentar a inatividade em 50% no isolamento social, é muito fácil a gente mensurar o número de mortes por hipertensão ou diabetes”, alertou.

Além dessas doenças, o estudo também apontou que o sedentarismo é um fator de risco para o agravamento da Covid-19. Isso porque a doença ataca o sistema respiratório e cardiovascular, que são bem mais frágeis em pessoas sedentárias e obesas.

“Existem evidências apontando que a falta de atividade física é um fator de risco muito importante pro agravamento da Covid. Analisamos que um paciente que tem a Covid e é internalizado geralmente é um indivíduo que tem baixa atividade física. Outro ponto importante é a obesidade. Tem um estudo que explica que a obesidade implica em 29% nos casos de internação pela Covid. Quando a gente pensa na obesidade, pensamos na prática regular de atividade física”, explicou.

A falta de exercícios físicos durante a pandemia pode ser ainda mais grave em idosos. Bruno explicou que, em apenas uma semana, os idosos podem perder massa muscular e aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo II, doença que faz parte do grupo de risco do coronavírus.

“A falta de atividade física para o idoso gera a sarcopenia, que é a perda de massa muscular, e a síndrome da fragilidade, onde o idoso tende a cair mais. A massa muscular também é importante para regular o nível de açúcar no sangue e evitar diabetes tipo II. Tem gente que diz que: ‘a pandemia é tão curta, será que vai afetar em alguma coisa?’ Mas existem estudos que colocam um idoso para reduzir o número de passos em um período curto, por um dia ou uma semana. E uma semana já faz com que ele tenha uma deterioração na massa muscular”, ressaltou.

Respeitar o isolamento social é importante, mas também é preciso manter as atividades físicas dentro de casa. Existem exercícios simples que podem ser realizados em espaços pequenos, como dançar, brincar com os filhos ou caminhar pelo quarto. Adotar esse hábito já pode ajudar a combater o sedentarismo.

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Veja, no vídeo abaixo, entrevista com o Dr Bruno Gualano sobre o tema, para o Canal Saúde.

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Fonte: Texto – Tarde Nacional/EBC e Vídeo – Canal Saúde