Os aspectos que englobam a vacinação contra a Covid-19 e os impactos positivos sobre a pandemia
Atualizado em 14/6/2021
Muito se debate nos dias atuais a respeito da vacinação da COVID-19 em todo o mundo. Desde o início de 2021, o comércio de vacinas foi instaurado, sendo aceito pelas entidades sanitárias de vários países, as vacinas testadas de forma rigorosa e com estudo clínico bem estruturado ao longo de 2020, dentre estas destacam-se os produtos da Oxford-AstraZeneca, Pfizer-Biotech, Moderna, Sinovac-Coronavac, entre outras. As compras destas vacinas movimentaram o mercado financeiro de vários países, saindo a frente os mais desenvolvidos como Israel, Estados Unidos da América (EUA), Rússia e Reino Unido, que asseguraram o maior número de doses, de insumos (p.ex. seringas, agulhas, algodões, descarpack), além do amplo investimento na área da saúde.
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Como analisar os efeitos da vacinação?
Os imunizantes de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm por objetivo gerar uma imunidade capaz de amenizar a gravidade da infecção e a mortalidade da COVID-19. Observa-se que as vacinas buscam diminuir a cascata inflamatória produzida durante a infecção da doença, o que permite formas clínicas mais brandas. Neste aspecto, há atualmente alguns parâmetros analisados para acompanhar os benefícios das campanhas de vacinação em todo o mundo, para isto, se faz necessário avaliar: os índices de hospitalização, número de óbitos, média de casos diários, taxa de transmissão e taxa de vacinação.
Índice de hospitalização ou taxa de ocupação de leitos são dados que podem se referir a leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou ambulatoriais. São indicadores hospitalares utilizados como ferramentas de gestão, eles permitem mensurar a magnitude dos problemas e estudar políticas públicas e ações preventivas e de controle a enfermidade em questão. A declaração de óbitos ou número de óbitos são índices referentes aos dados epidemiológicos de um país, fundamental para a análise da situação de saúde e planejamento de ações de saúde. Avaliação de média diária de casos também é um indicador de saúde, o qual permite uma análise clara sobre o avanço, estabilização ou queda de uma determinada doença.
Por outro lado, a taxa de transmissão (Rt), é um indicador que determina a velocidade de contágio de determinada doença, e como ela se propaga entre a população. Sua estimativa é realizada por meio de cálculos que utilizam a média de novos casos em um prazo de 7 dias, mas dependente de muitas variáveis.
Os resultados da Rt são números dinâmicos e representam a taxa de pacientes doentes e o número de pessoas que estão expostas. Os valores obtidos por meio destes cálculos podem ser menores ou iguais a 1, quando 10 pessoas conseguem transmitir para outras 10 pessoas, ou seja, uma pessoa passa para outa. Mas quando os valores representam números iguais a 0,5, interpreta-se que a cada duas pessoas infectados apenas uma outra pessoa é contaminada, entretanto, valores iguais a 2 podem ser ditos que uma pessoa com COVID-19 pode transmitir a outras duas pessoas.
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.magem 1 – História da taxa de transmissão da COVID-19 no Brasil em 2020
Fonte: O popular (2020)
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Por fim, a última variável analisada para verificação dos efeitos da vacina, refere-se a taxa de imunização, ou seja, o número de doses do imunizante aplicado em cada indivíduo em determinada população e notificado segundo as normas da entidade de saúde responsável.
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A maior economia e sua vacinação acelerada
É notório salientar a metodologia adotada pelos EUA. O país aprovou em dezembro de 2020 o uso emergencial das vacinas da Pfizer/BioNTech, Moderna e Johnson & Johnson (Janssen), e desde então deram início a aplicação das doses sendo organizados por ordem de idade, e de lá para cá o país já vacinou completamente 134 milhões de doses aplicadas, correspondendo a aproximadamente 41% de sua população.
A partir disto, o país passou a colher os primeiros efeitos desta campanha vacinal acelerada, atualmente os números de internações por casos graves de coronavírus reduziram de forma significativa entre os idosos acima de 65 anos, faixa etária prioritariamente vacinada. Além disto, os EUA têm verificada uma redução na taxa de contaminação da população em geral, com isto, uma flexibilização nas medidas protetivas com destaque ao abandono do uso de máscara em locais ao ar livre (exceto transporte públicos e hospitais) por pessoas já vacinadas completamente com duas doses. Outro ponto positivo é o retorno de pequenos eventos sociais.
Associado a estes benefícios, consequentemente, tem-se impactos positivos sobre a economia, já que o quadro relativamente estável da doença atrai investidores de todo o mundo, visto a estabilização no quadro sanitário do país. E atrelado a isto, o país atualmente está promovendo a “vacinação turística”, termo que se refere à abrangência das vacinas aos turistas que visitarem o país, o que paralelamente potencializada o número de doses aplicadas e movimentação econômica.
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O campeão em vacinação
O Estado de Israel ganhou destaque no quesito vacinação, pelo fato de imunizar mais de 50% da população em período recorde. Isto se deve ao alto investimento assegurado pelo país no âmbito da saúde, fato que vem ocorrendo há décadas. Este avanço extraordinário, garantiu ao país uma queda drástica no número de casos, na taxa de transmissão, de internações e de óbitos por COVID-19. Outro fato verificado, também, é que mesmo com a presença da doença, os pacientes que a adquiriram passaram a manifestar sintomas leves, havendo uma baixa necessidade de internações.
Diante disto, o país decretou em maio deste ano que encerrara as restrições sanitárias locais contra a COVID-19, visto que, o número de casos ativos e de óbitos estão em taxas baixíssimas e até mesmo ausentes de mortes/dia. Contudo, tais medidas serão encerradas apenas dentro do país, mas as fronteiras continuam fechadas, e o controle de turistas segue um forte esquema de vigilância e controle em pequenos grupos.
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Como o Brasil está se saindo?
Em contrapartida ao demonstrado até então, o Brasil conta com uma campanha de imunização em velocidade reduzida quando comparamos a Israel e EUA. O país conta com uso emergencial das vacinas Oxford-AstraZeneca, Pfizer-Biotech e Sinovac-Coronavac. Até o presente momento, apenas 10,4% da população foi completamente imunizada com duas doses, porém, o ritmo ocioso da vacinação está sendo acompanhado pela segunda onda da pandemia e pela possibilidade de atingir a terceira onda, sem ao menos zerar a segunda.
Entretanto, a cidade de Serrana, no estado de São Paulo, foi vacinada em massa em fevereiro de 2021, por meio de estudos clínicos desenvolvidos e financiados pelo Instituto Butantan com uso do imunizante Sinovac-Coronavac. Na contramão do restante do país, a cidade verifica a redução no número de óbitos, número de casos ativos e de internações. Além disto, o estudo comprovou que os indivíduos devidamente imunizados não ficaram isentos da doença, mas que a imunização é eficaz na redução da gravidade do caso, diminuindo a necessidade de hospitalização.
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O cenário mundial
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O que se tem observado é que países economicamente estruturados e desenvolvidos estão colhendo os frutos da vacinação, pois, há o aporte econômico e estrutural para aplicação em massa, enquanto os países menos desenvolvidos enfrentam uma dura batalha para comprar, distribuir e aplicar as vacinas em sua população. Enquanto isso, novas cepas mais contagiosas e letais adentram em seus territórios, desestabilizando ainda mais as estruturas econômicas e sanitárias precárias destes países. Por fim, verifica-se que a vacinação é a única medida para contenção da pandemia, mas alguns Estados continuarão a vivenciar os efeitos negativos desta pandemia enquanto outros já colhem os benefícios da vacina.
Por: Ingrid Camargo
Fonte: Sanar Medicina