Mais barato, novo teste da Covid-19 é feito através da saliva

Atualizado em 26/8/2020

Com mais 5,5 milhões de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2), os Estados Unidos buscam maneiras de frear a transmissão da COVID-19. Para ajudar no rastreamento da doença, um novo tipo de teste acaba de ser liberado para o diagnóstico através da saliva do paciente. Inclusive, esse exame já foi testado em jogadores de basquete e funcionários da National Basketball Association (NBA).

Apelidado de SalivaDirect, o novo teste de diagnóstico laboratorial foi desenvolvido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Yale, nos EUA, para auxiliar no diagnóstico de pacientes da COVID-19 assintomáticos, custando cerca de US$ 10 (menos de 55 reais). No final de semana, o método recebeu autorização de uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA).
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Vantagens do SalivaDirect

O SalivaDirect é menos invasivo do que o método tradicional, o exame RT-PCR, que coleta secreção naso-orofaringe através de um swab (cotonete), o que pode ser incômodo. Ambos os métodos verificam se há material genético do coronavírus nas amostras, mesmo em pacientes que ainda não desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus. Inclusive, os resultados revelaram que o novo método é altamente sensível e produz resultados semelhantes com a análise da saliva.

Um ponto importante desse teste desenvolvido pelos pesquisadores de Yale é que o método foi validado com reagentes e instrumentos de diferentes fornecedores, ou seja, ele é mais versátil. Por exemplo, caso haja falta de algum suprimento, como ocorreu nos primeiros meses da pandemia, o laboratório poderia contar com outro fornecedor.

“Este é um grande passo para tornar os testes mais acessíveis”, afirma Chantal Vogels, pós-doutoranda em Yale, que liderou o desenvolvimento e validação do laboratório. A pesquisa “começou como uma ideia em nosso laboratório logo depois que descobrimos que a saliva era um tipo de amostra promissora para a detecção de SARS-CoV-2, e agora tem potencial para ser usada em grande escala para ajudar a proteger a saúde pública. Estamos muito satisfeitos em dar esta contribuição para a luta contra o coronavírus”, completa Vogels.
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Por que usar a saliva?

Durante as pesquisas, o grupo de cientistas norte-americanos descobriu que a saliva era um tipo de amostra promissora para a detecção do coronavírus. “Como a saliva é rápida e fácil de coletar, percebemos que ela poderia ser a virada de jogo no diagnóstico da COVID-19”, explica Anne Wyllie, professora de Yale.

Publicado no medRxiv, um estudo separado liderado por Wyllie e a equipe da Escola de Saúde Pública de Yale descobriram que o novo coronavírus permanece estável na saliva por períodos prolongados, inclusive em temperaturas quentes. Por causa disso, conservantes ou tubos específicos para o armazenamento das amostras não são necessários para coleta de saliva. Segundo a equipe, esse era um dos aspectos que encarecia os exames.

“Simplificamos o teste para que ele custe apenas alguns dólares para os reagentes e esperamos que os laboratórios cobrem cerca de US$ 10 por amostra. Se alternativas baratas como o SalivaDirect puderem ser implementadas em todo o país, podemos finalmente controlar essa pandemia, mesmo antes de uma vacina”, pensa Nathan Grubaugh, também professor da universidade.
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Teste será distribuído

Conforme anunciado, os autores do novo método de exame da COVID-19 não pretendem comercializá-lo. Pelo contrário, a universidade fornecerá protocolos para outros laboratórios de diagnóstico que poderiam usar equipamentos disponíveis comercialmente para realizar o SalivaDirect, democratizando o acesso a um disgnóstico barato para a doença.

Com a autorização de uso emergencial pela FDA, o método já começa a ser disponibilizado para outros laboratórios do país, o que deve turbinar a capacidade de testes para o novo coronavírus nos Estados Unidos e, possivelmente, ajudar no controle de casos da doença. Em nota, o responsável pela liberação da agência federal, Stephen Hahn, chamou o teste de “inovador”, por não precisar de componentes adicionais, que são propensos a escassez.
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Fonte: Canal Tech