Festas de fim de ano em tempos de Covid-19: saiba como reduzir os riscos

Atualizado em 8/12/2020

Sem beijos e abraços? Com máscara e distanciamento? As festas de Natal e Ano-Novo serão diferentes em 2020. Isso, é claro, se você seguir todos os cuidados para evitar a contaminação pelo coronavírus. O ideal, inclusive, seria que as famílias e amigos não se encontrassem neste ano. A indicação é da própria OMS (Organização Mundial da Saúde), que disse que a “aposta mais segura” seria não realizar as reuniões familiares tão tradicionais nesta época.

Os especialistas ouvidos por VivaBem seguem a mesma orientação. Isso vale especialmente para núcleos familiares que não moram na mesma casa. Para famílias que já estão em convívio diário, a confraternização pode ser realizada seguindo os cuidados de higienização ao voltar da rua, por exemplo —adotados desde o início da pandemia. Agora, se a ideia é reunir vários grupos da família, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente se pessoas de grupo de risco estiverem no mesmo local.

“Não é desejável juntar núcleos de famílias diferentes, essa é a regra número um. Mas sabemos que, no final do ano, as pessoas gostam de confraternizar. Então, a ideia é diminuir os riscos e minimizar as chances de transmissão”, explica Alexandre Naime, infectologista chefe do Departamento de Infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Então, é isso, caso você escolha fazer reuniões familiares ou entre amigos, saiba que não é possível realizá-las de forma 100% segura, como destaca Munir Ayub, consultor da SBI. “É um risco calculado que a pessoa irá correr. Ninguém pode dizer que teremos confraternizações seguras e tranquilas.”

Andrea Mansinho, infectopediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta para o momento da refeição e para o consumo de bebidas alcoólicas. “Os principais riscos vão surgir quando as pessoas se sentarem para comer e beber, porque é o momento que elas precisam tirar a máscara. Ao consumir álcool, as pessoas tendem a relaxar mais nos cuidados.”

Pensando nisso, VivaBem elaborou perguntas e respostas para que você tire suas dúvidas e saiba como curtir as festas de fim de ano com os cuidados necessários, reduzindo danos.

Tire dúvidas sobre festas de fim de ano x covid-19
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Neste ano, será possível reunir as famílias e os amigos?

O indicado é que as pessoas não se reúnam neste fim de ano. Isso vale para núcleos familiares que vivem em locais diferentes e também para grupos de amigos. “Se a festa de fim de ano for com as pessoas que você já convive diariamente em sua casa, tudo bem. São pessoas que você já conhece e confia, e sabe que não estará se expondo”, explica Alexandre Naime, infectologista chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e consultor da SBI.
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Se o grupo não for do meu núcleo, quais são os principais cuidados?

Os principais cuidados, segundo os especialistas, devem ser:

• Quantidade de pessoas: o ideal é, no máximo, seis;

• Distanciamento físico de 1,5 metros a 2 metros;

• Uso de máscara; Local arejado ou, de preferência, em um quintal ou varanda;

• Pessoas com sintomas de covid-19 não devem participar.
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Quantas pessoas podem participar da confraternização?

Os especialistas sugerem que o máximo de pessoas que podem se reunir em um mesmo local é de seis.
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As pessoas devem usar máscara?

Sim, a orientação é que as pessoas só tirem a máscara no momento da refeição. Também é importante reforçar o uso correto das máscaras: protegendo o nariz e a boca, e não no queixo ou no pescoço.
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Será necessário distanciamento? Qual?

Sim, além da máscara, outra forma de evitar a disseminação do coronavírus é fazendo o distanciamento de 1,5 metros a 2 metros.
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É mais seguro fazer quarentena antes da festa?

Sim, ficar em isolamento completo 14 dias antes da reunião pode ajudar. Entretanto, é preciso lembrar que o período de incubação do coronavírus, ou seja, o tempo para que os primeiros sintomas apareçam, pode ser de 2 a 14 dias. Por isso, a pessoa, após os 14 dias em casa, pode estar infectada e assintomática.

A orientação, portanto, segue a mesma para as confraternizações: fazer distanciamento, usar a máscara e higienizar as mãos.
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Se todo mundo fizer o teste antes, o ambiente fica mais seguro?

Essa é uma resposta difícil já que não há garantia de que, ao realizar os testes (RT-PCR e sorologia), a pessoa estará 100% “livre” do vírus, segundo os infectologistas entrevistados.

RT-PCR: considerado padrão-ouro para o diagnóstico de covid-19, o teste mostra se o paciente tem material genético da doença. Entretanto, existe um tempo ideal de coleta, que é na primeira semana do surgimento dos sintomas. Os problemas seriam:

• A pessoa pode fazer o exame hoje e, enquanto espera o resultado, ela é infectada. O teste vai mostrar um resultado negativo e fazer com que ela se encontre com mais pessoas;

• Como o teste é mais indicado para pessoas com sintomas, o PCR pode não detectar covid-19 em pessoas assintomáticas, por exemplo –causando uma falsa sensação de segurança.
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Sorologia: pela amostra de sangue, o exame mostra apenas se a pessoa já teve contato prévio com o coronavírus. É mais indicado que seja feito sete ou 10 dias após os primeiros sintomas. Os pontos de atenção:

• O teste não é indicado para diagnosticar a doença e pode apresentar um resultado falso negativo dependendo do dia da coleta (produção de anticorpos ainda baixa e não suficiente para ser encontrada).
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Já tive covid-19, meus riscos são menores?

Ter tido diagnóstico de covid-19 anteriormente não é garantia que a pessoa não irá se infectar novamente, segundo os infectologistas. “Já temos visto muitos casos e provas de reinfecção por covid-19. Ter sorologia positiva [anticorpos do coronavírus no organismo] não isenta a pessoa de ter uma segunda infecção”, explica Andrea Mansinho, infectopediatra da BP.
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Uma pessoa com sintomas pode participar da festa?

Não. Qualquer pessoa que apresentar os sintomas, inclusive os mais leves (febre baixa, coriza, tosse e dor de garganta), não poderá participar da reunião. Ela deve ficar em isolamento social e evitar qualquer aglomeração.
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Quais os cuidados com idosos e pessoas do grupo de risco?

As pessoas do grupo de risco, incluindo os idosos, são as que necessitam de maior cuidado. Este grupo deve ficar com maior distanciamento do restante. É preferível escolher dois responsáveis, que façam parte do convívio diário da pessoa, para fazer esse contato e, logicamente, usando máscara.
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É mais seguro separar as crianças dos idosos?

Os especialistas explicam que uma criança pode transmitir covid-19 da mesma forma que um adulto. O ponto de atenção é que as crianças costumam apresentar poucos sintomas, se infectados pelo coronavírus, e têm mais dificuldades em respeitar as regras (distanciamento, higienização das mãos e uso da máscara).

Mas a ideia é orientá-las, explicando a situação e fazendo um treinamento antes de sair. Reforçando, por exemplo, para que elas evitem abraçar a avó ou o avô, ou qualquer outra pessoa que esteja no grupo de risco.
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Podemos beijar e abraçar as pessoas? Quais os riscos?

Não é indicado, por mais que as pessoas gostem de demonstrar afeto nesta época do ano. Caso os beijos e abraços sejam trocados com familiares que fazem parte do convívio diário, os riscos são menores. O ideal é evitar os atos com pessoas “de fora” do convívio.
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É melhor evitar o som alto?

Sim. Isso porque, em ambientes com som alto, as pessoas tendem a falar mais alto e, consequentemente, soltar mais gotículas de saliva no ar. Se ela estiver infectada, as chances de transmissão são mais altas.
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É mais seguro fazer o encontro em um restaurante ou na casa de alguém?

Na casa de alguém. Ambientes externos, como os restaurantes, contam com a presença de mais pessoas (outras famílias e funcionários), que podem estar infectadas e não sabem, por exemplo. O ideal é realizar a confraternização na casa de alguma pessoa do seu círculo social.
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Em qual ambiente da casa é mais seguro?

Em um local com maior circulação do ar, de preferência com todas as janelas abertas. Caso o local tenha um quintal ou varanda, melhor ainda.
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É melhor evitar consumir bebida alcoólica na reunião?

Sim, mesmo sabendo que será uma “regra” difícil de ser obedecida. Quando as pessoas bebem mais álcool, a tendência é relaxar nos cuidados e, com isso, aumentar as chances de contrair covid-19 caso o local esteja infectado.

Além disso, a pessoa que está bebendo acaba mexendo mais na máscara para retirá-la da região da boca —o que pode aumentar o risco de contágio. Se a pessoa tira a máscara de forma inadequada, ela pode se contaminar com o vírus ao encostar a mão na boca, por exemplo.
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A festa deve ter a duração menor do que o normal?

Sim. A orientação é que as confraternizações tenham o tempo encurtado e isso pode variar de acordo com cada família ou grupo de amigos. Quanto menor o tempo, menor a chance de contaminação caso alguém esteja com covid-19. Se todos estiverem usando máscara, com distanciamento, higienizando as mãos, em um espaço grande e arejado, é possível estender o tempo.
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Quais os cuidados com a comida da ceia?

Nessas confraternizações, é normal que as famílias organizem a tradicional ceia, principalmente no Natal. Um ponto muito importante é evitar comidas que sirvam como petisco, que, normalmente, as mãos são utilizadas diretamente, como em um churrasco. Por isso, o mais indicado é sempre usar talheres para se servir.

Além disso, é essencial que o responsável pela comida faça a higienização completa das mãos, de preferência com água e sabão. Outras dicas para esse momento são:

• Deixar as comidas da mesa cobertas;

• Evitar aglomerações perto da mesa;

• Se estiver perto, use máscara;

• Quando for se servir, também esteja de máscara e com as mãos higienizadas.
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Quais cuidados deve-se ter com os talheres?

O ideal é que cada pessoa utilize seus próprios talheres (garfo e faca) e, caso use um pegador de salada, por exemplo, que seja higienizado na sequência. Também é importante que as pessoas lavem as mãos antes de se servir.
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Na hora da refeição, idosos comem separados dos adultos e crianças?

Os especialistas explicam que o indicado é criar horários para os idosos e as pessoas do grupo de risco, em geral, comerem e, depois, os adultos e as crianças. Além disso, o mais seguro é que cada um coma em um local separado, se possível, respeitando o distanciamento.
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Está liberado brindar?

É melhor evitar porque ao brindar, a tendência é falar mais alto, espalhando mais gotículas de saliva, e ficar mais próximo de outras pessoas. Caso estejam sem a máscara, a situação fica mais arriscada.
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Como organizar a troca de presentes?

Os infectologistas explicam que, por mais raro que seja a infecção de covid-19 pelas superfícies, existem algumas práticas que podem ajudar no momento da troca de presente —normalmente que envolvem mais abraços e beijos (evite e use máscara).

Uma sugestão é escolher apenas uma pessoa para fazer a distribuição: ela deve lavar as mãos antes de entregar os presentes. Outra dica é passar álcool nos presentes antes da distribuição.
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Quero viajar: quais são os cuidados?

O mais indicado é escolher locais vazios e de pouca aglomeração. Além disso, é melhor optar por viagens de carro e de curta distância. “Se a viagem for mais longa, leve um lanche para não ter que parar em um restaurante na estrada”, sugere Ayub.

Os riscos em aviões e ônibus são mais altos, porque são ambientes fechados e que, dificilmente, respeitam o distanciamento físico. Também possuem ar-condicionado, o que faz com que pessoas com rinite, por exemplo, comecem a espirrar ou tossir, deixando o ar possivelmente mais contaminado. Para se proteger, é necessário o uso de máscara o tempo todo e higienização das mãos.
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Por: Luiza Vidal
Fonte: VivaBem/UOL