Especialistas desmistificam veto a uso de máscara

Atualizado em 3/11/2020

Especialistas desmentem a crença que parte da população ainda tem de que o uso de máscara durante a prática de atividades físicas é prejudicial à saúde. Na edição da última quinta-feira, o Correio mostrou que grande parte dos frequentadores dos parques campineiros ainda resiste ao uso do equipamento, mesmo com a intensa campanha de conscientização sobre a necessidade da proteção. A reportagem gerou repercussão na cidade, sobretudo nas redes sociais, onde muita gente se mostrou desinformada ao afirmar, sem base científica, que uso da máscara causaria problemas, como AVC e ataque cardíaco.
O professor de educação física Lucas Wuo explica que nesse momento de pandemia, o uso da proteção durante a prática de exercícios em locais com aglomeração é uma solução e não um problema. “Não tem nenhum tipo de malefício usar a máscara. O malefício hoje, na verdade, vem se não a usar”, disse ele. “É uma questão de não proliferar o vírus, uma vez que durante as atividades você vai estar com o número de incursões respiratórias por minuto aumentado, o que facilita a chance de contaminação em um ambiente com outras pessoas”, ressaltou.
O professor destacou ainda que o uso da máscara já é algo utilizado há muito tempo no esporte profissional, em algumas situações específicas. “Apesar de ser um item desconfortável, a máscara não acomete em nada o nível de saturação de oxigênio. O corpo, inclusive, consegue se adaptar a essa nova dinâmica respiratória. Em algumas modalidades esportivas, como no ciclismo, o uso de máscaras ajuda a amenizar questões de temperatura e vento”, comentou.
Para o médico epidemiologista André Ribas de Freitas, os únicos problemas que as máscaras causam durante a atividade física são: o desconforto e, em alguns casos, perda leve de rendimento. “Essa resistência das pessoas em não querer usar a máscara não tem muito sentido, porque é uma ferramenta que sabidamente funciona e ajuda a diminuir o risco de contágio do coronavírus”, explicou.
Segundo ele, a ideia de que o vírus não se propaga em um ambiente ao ar livre é errada. “A pessoa praticar atividades físicas ao livre numa área onde não tem muita gente é uma coisa. Agora, fazer isso nos parques da cidade, sobretudo no Taquaral, é uma situação completamente diferente. Nesses locais, você tem uma grande concentração de pessoas que se cruzam o tempo inteiro. A chance de contaminação existe e é maior do que muitos imaginam”, disse ele.
Questionado sobre a falta de eficácia da máscara caso ela fique molhada pelo suor, o especialista disse que isso não é desculpa. “Se a máscara ficar completamente encharcada é uma coisa, mas não é o que acontece. Ninguém deixa ela completamente molhada somente transpirando e as pessoas também podem trocá-la no meio do exercício”, afirmou. “O mais importante é entendermos que as atividades ao livre tem um risco mais baixo de contaminação, mas que nem por isso devemos deixar de nos proteger. O ideal, inclusive, é fazê-las em locais com pouca ou nenhuma aglomeração”, frisou.
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Multas
Ao todo, 308 pessoas foram multadas em Campinas por não estarem usando máscara de proteção em locais públicos da cidade, sendo 215 em agosto, 77 em setembro e 16 em outubro. O balanço foi divulgado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) durante transmissão ao vivo pelas redes sociais na internet na manhã de ontem.
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Por: Henrique Hein/AAN
Fonte: Correio Popular