Plataforma ajuda a encontrar alimentos saudáveis durante pandemia

Atualizado em 22/4/2020

Para ajudar os consumidores a encontrar iniciativas que comercializam alimentos saudáveis e sustentáveis e apoiar os pequenos produtores durante a pandemia do Covid-19, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) criou a plataforma da Comida de Verdade.

A ferramenta funciona dentro do site do Mapa de Feiras Orgânicas do instituto, que existe desde 2015. Contudo, durante a pandemia, a população pode encontrar não só lugares que estão comercializando alimentos orgânicos e agroecológicos, como também iniciativas da agricultura familiar e de pequenos produtores.

O objetivo da ação é também apoiar as economias locais, em todas as regiões do Brasil, e estimular a compra de alimentos direto de quem produz. Ao acessá-la, o usuário pode fazer a busca por região, estado ou cidade. Os resultados mostram os nomes dos estabelecimentos, o horário de funcionamento, os tipos de alimentos vendidos, além de informações sobre entrega em casa ou em pontos fixos.

Para Rafael Arantes, analista de regulação do Idec, é importante informar às pessoas que, além dos mercados, existem canais alternativos para abastecimento que estão funcionando.

“A lógica do atual sistema alimentar tem sido incapaz de gerar saúde respeitando os limites do planeta. Essa dinâmica tende a se intensificar ainda mais durante a pandemia. Por isso, é importante refletirmos sobre os padrões de produção e consumo de alimentos”, destaca.

Outra característica da plataforma é que os produtores podem fazer novos cadastros. Basta acessar este formulário e completar as informações. Após o envio do cadastro, o Idec faz uma análise breve e já deixa a iniciativa visível. Até o momento, já são mais de 200 iniciativas cadastradas, contemplando todas as regiões do Brasil.

A plataforma da Comida de Verdade é feita de forma colaborativa e com o apoio de diversas organizações parceiras, como ABA (Associação Brasileira de Agroecologia), Aliança Pela Alimentação Adequada e Saudável, ANA (Articulação Nacional de Agroecologia), CEPAGRO (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), Conexsus, Consea-RS (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul), Frutas Nativas Rio Grande do Sul, Gepad Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, GIZ Mercados Verdes e Consumo sustentável, IBO (Instituto Brasil Orgânico), Lacaf (Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar) e Rede de Agroecologia Ecovida.

Além de apoiar a população durante a pandemia, a plataforma da Comida de Verdade serve para fomentar o trabalho de inúmeros produtores que estão passando dificuldades neste período.

Por conta das restrições exigidas durante a pandemia, a agricultura familiar, responsável por importante parcela dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, vem sofrendo fortes impactos socioeconômicos. Além disso, o segmento perdeu importantes incentivos nos últimos anos, como o fim do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que comprava seus produtos e os oferecia aos grupos socialmente mais vulnerabilizados no País.

Além disso, parte da renda da agricultura familiar no Brasil chega a partir da venda de alimentos para as escolas públicas garantida pelo Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Com a suspensão das aulas, estes trabalhadores ficaram com seu orçamento comprometido.

No Início de abril, o governo federal publicou a Lei nº 13.987/2020 para permitir que alimentos da merenda escolar vindos de agricultores familiares cheguem até os alunos. Para Arantes, contudo, falta agilidade e menos burocracia nesse processo.

“Em médio e longo prazo, é preciso que os governantes se responsabilizam para fazer chegar comida saudável e sustentável para as diferentes camadas da população. Sejam elas assistidas por programas como o Pnae, ou por consumidores em geral que estão demandando relações mais justas e sustentáveis na produção e consumo de alimentos”, destaca.

Fonte: idec.org.br