O desemprego no Brasil em tempos de pandemia do Covid-19

Atualizado em 29/7/2020

Há anos, o Brasil tem sido alvo de altas taxas de desemprego, ocasionadas por diversos fatores, mas, sobretudo, pela desigualdade social que afeta algumas áreas do país e pela modernização nas maneiras de trabalhar, dispensando mão de obra e exigindo cada vez mais qualificações. Com isso, gerou-se uma condição de subemprego substancial a qual vários brasileiros recorreram.

A pandemia tornou-se mais um agravante, pois requisitou um isolamento social, que impossibilitou a abertura de comércios e empresas. Sem clientes, pequenas empresas (firmas com até 49 funcionários) não resistiram, e foram obrigadas a encerrar atividades, gerando ainda mais desemprego.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado no Brasil. A alta no número de desempregados foi de 26% apenas em sete semanas (maio – junho), de acordo com o IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e as regiões mais afetadas do país são Sudeste e Nordeste (31% e 29%, respectivamente).

Estudos feitos pelo IBGE mostram que é pelo trabalho informal – o instituto considera como trabalhador informal aqueles empregados no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes- que o mercado de trabalho brasileiro tem se sustentado.

Com base nisso, o trabalho informal dos entregadores de aplicativos ganhou destaque durante a pandemia por ter provido serviços a quem está em casa. Porém, no último dia 1º de julho (quarta-feira), houve uma paralisação entre os trabalhadores, reivindicando aumento mínimo do valor da corrida, seguro roubo e acidente, aumento do valor por km percorrido, auxílio pandemia e o fim do sistema de pontuação (o sistema de pontuação força o entregador a rodar só para um determinado aplicativo, para acumular pontos).

Diante de tudo isso, a questão é: O que esperar do mercado de trabalho pós-pandemia?

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), num cenário “baixo”, a taxa de desemprego global ficaria em 5,3 milhões de pessoa e 24,7 milhões num cenário “alto”, a partir de um nível base de 188 milhões em 2019.

O cenário “médio” sugere um aumento de 13 milhões desempregadas (os) – 7,4 milhões nos países de alta renda. Embora essas estimativas permaneçam altamente incertas, todos os números indicam um aumento substancial no desemprego global. Para comparação, a crise financeira global de 2008-2009 aumentou o desemprego em 22 milhões de pessoas.

Também é esperado que o subemprego, ou trabalho informal, aumente em grande escala.

Mas, sobretudo, é esperado que o mercado de trabalho siga o ritmo tecnológico que a pandemia acelerou, que o home office continue em destaque, e que as oportunidades via tecnologia se aprimorem cada vez mais, ou seja, será necessário mais qualificações para conseguir se inserir de modo formal no mercado de trabalho.

Por Camile Barros – Fala! UFPE

Fonte: Fala Universidades