Inteligência artificial é mais uma arma contra a Covid-19

Atualizado em 22/6/2020

Algoritmos são usados para evitar agravamento de sintomas, orientar sobre busca de serviços de emergência, mapear o avanço do vírus e facilitar a detecção e o diagnóstico de pessoas infectadas

Uma das maiores preocupações das autoridades de saúde é alta trasmissibilidade do COVID-19. E, pela primeira vez na história, a humanidade tem a tecnologia como aliada para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Ao redor do mundo, inclusive no Brasil e em BH, diversos algoritmos comandados por Inteligência Artificial (AI) estão sendo usados como ferramenta importante no combate a doença.

Algoritmos usados para evitar agravamento de sintomas, orientar sobre a hora certa de buscar serviços de emergência, para mapear o avanço do vírus e facilitar a detecção e para ajudar no diagnóstico de pessoas infectadas.
Nas últimas semanas, o Hospital Lifecenter detectou um aumento na admissão de pacientes com sintomas de maior gravidade no Pronto Atendimento (PA). Quadros que poderiam ter sido evitados se os pacientes tivessem procurado ajuda médica com antecedência. Sem falar na percepção de muitas dúvidas de pacientes diante dos sintomas gripais, que se assemelham aos do COVID-19, em relação à necessidade de buscar ou não assistência médica.
Por isso, o hospital lançou dois novos serviços que aliados trarão maior segurança e comodidade aos clientes: a pré-triagem virtual para os sintomas da COVID-19 e a Vídeo Consulta em diversas especialidades.

COMPUTAÇÃO COGNITIVA E MACHINE LEARNING 

A pré-triagem virtual utiliza computação cognitiva e machine learning para aumentar a eficiência do atendimento. O objetivo é facilitar a triagem de casos suspeitos de COVID-19 e orientar os pacientes sobre qual é o momento de buscar assistência médica, seja presencialmente, no Pronto Atendimento (PA), seja virtualmente, por meio da Vídeo Consulta.

José Américo Cançado Bahia Filho, diretor técnico do Hospital Lifecenter, alerta que o formulário eletrônico não substitui o diagnóstico médico, e sim direciona o paciente ao melhor tratamento ou fluxo de acolhimento.
Criado no Paraná em 2016, o sistema consiste em uma plataforma de Inteligência Artificial (AI) que gerencia riscos e será utilizada pelo Lifecenter. Com cerca de 1,2 milhão de pacientes conectados, reduzindo em 25% a taxa de mortalidade hospitalar, além de salvar vidas, a tecnologia é um instrumento para a otimização de tempo e recursos em saúde.
Já a Vídeo Consulta visa manter a rotina de contato dos pacientes com os médicos, buscando evitar a automedicação e o agravamento de quadros clínicos, ao mesmo tempo que são respeitadas as orientações de isolamento social da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Os fluxos de atendimentos separados, desde a chegada da pandemia a Belo Horizonte, são uma forma de deixar os pacientes mais seguros para procurar ajuda. Mas ainda há muitas dúvidas sobre quando procurar os serviços de saúde, quais sinais são de urgência e quais requerem uma consulta regular”, explica José Américo.
O médico relata que, nos últimos dias, deram entrada no hospital pacientes com cardiopatias agravadas, complicações ortopédicas e apendicites graves. “Alguns desses casos poderiam ter sido tratados de maneira mais conservadora, se tivessem chegado em um estágio inicial. Infelizmente, o medo da contaminação e a falta de alternativas para esclarecer as dúvidas têm gerado risco grave à vida”, relata.


ROBÔ LAURA EM AÇÃO 

Por meio do sistema, batizado como Robô Laura, acessível por meio do site (bit.ly/lifecenter-pa), o paciente responde às questões relacionadas aos sintomas direta e indiretamente ligados à COVID-19 ou aos quadros gripais. Como resultado, ele pode ser destinado para uma Vídeo Consulta ou até mesmo para o atendimento de emergência.

Na segunda situação, será gerado um QRCode que dará agilidade na entrada do Pronto Atendimento, diminuindo etapas de admissão.Em algumas situações, o paciente pode ser orientado, inclusive, a se deslocar para o hospital enquanto conclui as respostas. Por essa razão, recomenda-se que ele utilize o celular para responder ao questionário. Os dados informados irão compor a ficha eletrônica no hospital.

“O sistema tem diversas funcionalidades. No momento, nosso foco é a pré-triagem dos pacientes, mas outras ferramentas da plataforma estão sendo analisadas e serão implantadas, trazendo maior segurança aos nossos pacientes e profissionais de saúde”, adianta o diretor, que é especializado em medicina preventiva e em administração em saúde.

Por meio dos algoritmos de BI, calibrados com dados de protocolos internacionais e históricos clínicos, o sistema recomenda intervenções a partir de alertas programados, antecipando ou mesmo prevenindo o agravamento de alguns quadros clínicos.

No caso da Vídeo Consulta, o sistema é intuitivo, com interface simples para navegação. Basta ao paciente fazer um cadastro, em acesso disponível no site do Hospital Lifecenter (www.hospitallifecenter.com.br/videoconsulta), utilizando o seu celular ou computador. O paciente pode agendar um horário para o mesmo dia com antecedência mínima de duas, ou para data posterior.
Neste momento, o serviço é prestado apenas em caráter particular com o preço acessível de R$ 129. O hospital está em negociação para estender este serviço a clientes de Operadoras de Planos de Saúde.

USO DE ALGORITMOS NA LEITURA DE EXAMES E TESTES DE PCR

Com a necessidade crescente de testes do COVID-19 e a escassez de insumos para sua realização, o Grupo Pardini tem buscado novas alternativas de diagnóstico. A empresa acaba de assinar acordo com a Portal Telemedicina, referência nacional em Inteligência Artificial, que vem prototipando uma solução que seria capaz de fazer triagem de casos do COVID-19 por meio de exames de raio-x e tomografia computadorizada dos pulmões.

“Estamos buscando alternativas com empresas de tecnologia no Brasil e no mundo. São muitas as iniciativas de estudo sobre o tema e devemos participar desse movimento”, destaca o diretor de tecnologia do Grupo Pardini, João Alvarenga. 

Nos últimos anos, a Portal Telemedicina desenvolveu mais de 30 algoritmos de detecção automática de patologias a partir de exames de imagem, um trabalho envolvendo sua equipe de engenharia em parceria com o Google.

Há seis semanas, a empresa vem refinando o uso de algoritmos a partir da leitura de exames de imagem e testes de PCR feitos em pacientes com diagnósticos confirmados, suspeitos e negativos dos Estados Unidos, Japão e Itália.

A parceria com o Grupo Pardini será importante para ajustar os softwares de inteligência artificial às características da realidade brasileira. Quanto mais testes forem estudados, melhor é a análise do algoritmo e a acurácia do exame.
“É nosso papel investigar tudo. Estimular a ciência e a sinergia de competências. Só vamos colocar a solução no mercado quando estivermos 100% seguros de sua real utilidade clínica, bem como com todas as autorizações devidas”, garante o vice-presidente comercial e marketing, Alessandro Ferreira.
Fonte: Estado de Minas Gerais