Covid-19 e o novo normal: os desafios do retorno ao trabalho durante a pandemia

Atualizado em 8/7/2020

Empresas e organizações adaptam ao “novo normal”, as normas para proteger os colaboradores, clientes e visitantes, mas os casos do novo Coronavírus não param de crescer em todo o mundo

Uma das principais questões enfrentadas durante a pandemia do novo Coronavírus tem sido a constante pressão feita por entidades econômicas e governamentais para o relaxamento das medidas de saúde pública e a reabertura gradual das atividades. Contudo, os desafios do que podemos chamar de “novo normal” requerem medidas rígidas de segurança para evitar uma nova onda de infectados em todo o mundo.

Principais desafios de saúde pública no novo normal

Recentemente o New England Journal of Medicine, uma das publicações científicas mais prestigiadas na área médica, divulgou um relatório especial destacando os principais desafios de saúde pública que serão enfrentados por entidades privadas e públicas durante a retomada das operações presenciais. Fique atento a elas:

1. Medidas de prevenção de “baixa tecnologia” presentes nas operações diárias

O uso de equipamentos de proteção individual, além do controle ambiental e de saneamento nos locais considerados de serviços essenciais são imprescindíveis. 

Entretanto, outras medidas como o adiamento do comparecimento a locais de trabalho ou públicos por pessoas que apresentem sintomas, lavar as mãos com frequência, o uso de máscaras e práticas para manter, o máximo possível, o distanciamento social são fundamentais. 

Vale mencionar ainda que o retorno das atividades incluem preocupações que vão além do ambiente de trabalho por si só. Existe a possibilidade de transmissão em transportes de massa, como ônibus e metrô, além de atividades sociais, religiosas e de lazer dos funcionários fora do horário de trabalho. Nesses casos, a falta de medidas de proteção individual pode colocar a pessoa em sério risco de infecção.

2. Controles ambientais, de engenharia e administrativos

Importante alterar a arquitetura do ambiente de trabalho, estudo, compras e interação dentro das instalações, essas medidas ambientais não dependem da cooperação individual e, portanto, requerem menos monitoramento. Por exemplo, a implementação de divisórias ou outras barreiras entre trabalhadores, ou ainda, entre funcionários e clientes. 

Outros pontos relevantes são: melhorar a troca e filtragem do ar em ambientes fechados e reduzir a densidade de pessoal através de cronogramas de trabalho escalonados. O uso da luz ultravioleta de curta duração em instalações para esterilizar superfícies e ar também pode oferecer algum efeito preventivo, aponta o estudo divulgado pelo New England Journal of Medicine. 

Já as medidas administrativas tomadas pelos empregadores e instituições incluem excluir do local de trabalho físico qualquer pessoa que faça parte do grupo de risco ou tenha apresentado sintomas da Covid-19.

3. Teste 

Os empregadores começaram a considerar testar os trabalhadores com o uso de métodos moleculares ou de anticorpos. 

4. Rastreamento de contatos 

A identificação e avaliação dos contatos de um paciente indexado com um caso diagnosticado, geralmente chamado de “rastreamento de contrato”, é uma prática tradicional de saúde pública. 

Ele se mostrou útil nos esforços para impedir a transmissão do Covid-19 em vários locais, incluindo Israel, Cingapura, China e Coréia do Sul, mas quando a pandemia apareceu nos Estados Unidos, a disponibilidade limitada de testes fez com que o Covid-19 se espalhasse amplamente antes que o rastreamento de contato pudesse ser efetivamente implementado.

Orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o novo normal

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou orientações que devem ser tomadas para garantir a segurança e saúde de todos no retorno ao trabalho durante a pandemia do novo Coronavírus.

A nota de orientação, chamada de “Um retorno seguro e saudável ao trabalho durante a pandemia da COVID-19”, veio acompanhada de 10 medidas práticas. São elas:

  • formar uma equipe para planejar e organizar o retorno ao trabalho
  • decidir quando reabrir, quem retornará ao trabalho e de que forma
  • adotar medidas de engenharia, organizacionais e administrativas
  • promover a limpeza e desinfecção do ambiente de trabalho de forma regular
  • prover meios para higiene pessoal
  • prover equipamentos de proteção e informar o uso correto
  • monitorar a saúde dos funcionários
  • considerar outros riscos, incluindo o psicossocial
  • revisar os planos de preparação de emergência
  • revisar e atualizar as medidas preventivas e de controle

Aumento de casos fazem empresas adiar reabertura

Por conta dos aumentos de casos nos Estados Unidos, incluindo Califórnia, Flórida e Texas, o Google anunciou no dia 30 de junho o adiamento da reabertura de seus escritórios no país. A nova determinação é que eles permanecerão fechados pelo menos até 7 de setembro.

“Não esperamos que essa orientação mude até segunda-feira, 7 de setembro (Dia do Trabalho nos EUA), no mínimo”, afirmou Chris Rackow, vice-presidente de segurança global do Google, em memorando.

Reabertura no Brasil não é recomendada pela Opas

Marcos Espinal, diretor do departamento de Doenças Transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), afirmou em recente entrevista à BBC News Brasil que “não é uma boa ideia reabrir a economia quando se está no epicentro de uma pandemia. Mas todos os países são soberanos e cada um decide o que fazer”.

Ainda segundo o diretor, a reabertura é uma “receita para se espalhar mais doença”. E, citando o exemplo dos Estados Unidos, afirma que mais casos de pacientes infectados são esperados. 

Fonte: Sanar Medicina