Como a saúde pública digital pode ter papel decisivo no controle da pandemia

Atualizado em 18/8/2020

A utilização de dados é fundamental para a saúde. Mas, você já ouviu falar na expressão “saúde pública digital”?

Ela está relacionada ao uso da tecnologia, de novos tipos de armazenamento e distribuição de dados para auxiliar médicos e pesquisadores.

Por conta da tecnologia, os especialistas possuem diferentes maneiras de coletar dados por meio de interfaces administrativas eficientes, sensores e fontes não tradicionais, como as redes sociais. Com isso, conseguem vincular fontes de dados para gerar novos insights e analisar os resultados obtidos.

Em virtude da pandemia de Covid-19 em todo o mundo, a saúde pública digital tem um papel decisivo para transformar a resposta da saúde pública à sociedade, garantindo maior prevenção e vigilância para controle da transmissão.
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Como a saúde pública digital melhora a saúde de fato?

Um grupo de pesquisadores divulgou recentemente na revista científica The Lancet um artigo chamado de Digital public health and COVID-19. Nele, os estudiosos exploram a resposta desse questionamento em alguns pontos fundamentais. Vamos a eles:
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1. A aquisição digital de dados administrativos pode melhorar drasticamente o rastreamento da Covid-19:

A maior parte dos países conta com dados básicos relatados de casos confirmados e o número de mortes. Na maior parte dos casos, esses números são coletados por meio de relatórios e formulários impressos. Além disso, são comuns atrasos nas emissões e interrupções nos finais de semana e feriados.

Muitos desses problemas seriam reduzidos drasticamente com a digitalização no ponto de coleta de dados e relatórios automatizados. As tecnologias combinadas com os compromissos de hospitais e laboratórios poderiam ser usadas para construir uma rede de vigilância para detectar a próxima pandemia e o ressurgimento de doenças infecciosas.
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2. Os dados coletados por meio de outras fontes de serviços não relacionados à saúde podem desempenhar um papel crucial na compreensão da pandemia e na previsão do próximo ponto crítico:

Os dados de mobilidade, por exemplo, que são coletados por aplicativos e relatados em plataformas como Facebook e Google têm sido uma contribuição importante em muitos esforços para rastrear os causadores da pandemia nos países. As fontes de dados fornecem informações em tempo real sobre mobilidade e, portanto, provável contato humano.

Em futuras pandemias e emergências de saúde pública, a capacidade de fornecer informações massivas em tempo quase real pode ser transformadora para coordenar respostas.
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3. Anos atrás, as pesquisas eram, em média, planejadas e executadas em períodos de tempo muito longos:

Pesquisas de smartphones e pesquisas de plataformas de mídia social apresentam limitações, pois não são representativas de toda a população. Entretanto, a velocidade da coleta de dados e um número cada vez mais de usuários significa um grande potencial para informações em tempo real sobre conhecimentos, atitudes e comportamentos.
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4. O rastreamento de contatos é de importância crucial, seja no início da pandemia ou mais tarde:

Entrevistas feitas pessoalmente ou através do telefone ainda são usadas para rastreamento de contato, mas novas tecnologias foram implementadas de forma eficaz na Coréia do Sul, Cingapura e outros países.

No momento, várias empresas desenvolveram aplicativos de rastreamento que estão sendo usados ​​de forma mais ampla. Essas ferramentas têm o potencial de aumentar muito a eficácia da estratégia de testes, rastreamentos e isolamentos para o controle da pandemia da Covid-19.
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5. Os influenciadores digitais são componentes centrais de uma saúde pública digital eficaz através da “comunicação em massa”:

A disponibilização de informações relevantes, a visualização de dados interativos e a narração de histórias, nos stories, IGTV ou feed do Instagram, por exemplo, podem ser maneiras mais eficazes de comunicar mensagens importantes e ampliar a compreensão de um desafio de saúde pública.
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6. A digitalização de relatórios de casos, internações, mortes e ampla quantidade de variáveis ​​que impulsionam a transmissão de Covid-19:

As estratégias de controle são cada vez mais direcionadas a pequenos espaços, como os bairros mais afetados das grandes cidades.

É possível citar como exemplo os Estados Unidos, em que os negros, hispânicos, nativos e latinos correm um risco maior por conta da Covid-19. Esses grupos costumam residir, majoritariamente, em determinados bairros das grandes cidades norte-americanas.

Com isso, a vinculação de fontes de dados fornece maneiras mais eficientes para derivar esses insights mais rápidos de identificação e adoção de medidas de proteção para esses grupos de maior risco.
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Fonte: Sanar Medicina