O que a Covid-19 pode causar em pacientes assintomáticos

Atualizado em 4/9/2020

De problemas pulmonares a cardíacos: mesmo sem sintomas, pacientes do novo coronavírus podem sofrer efeitos da doença a longo prazo

O que está por trás do sistema imune dos pacientes assintomáticos do novo coronavírus? Existe alguma combinação de genes que os impede de ter sintomas da doença? Quais são os danos causados aos pacientes sem sintomas? Nem a ciência sabe exatamente a resposta para essas perguntas, feitas desde o começo da pandemia da covid-19. O que se sabe, no entanto, é que os quadros sem sintomas existem — e algumas pessoas passam pela doença sem nem sequer saber que foram infectadas.

Apesar de não apresentarem sintomas, os assintomáticos podem sofrer com os danos da doença. Um estudo feito em Wuhan, cidade na China onde a nova variação do coronavírus foi registrada pela primeira vez, identificou mudanças patológicas nos pulmões dos assintomáticos.

Outra pesquisa aponta que não ter sintomas do vírus não significa necessariamente que não haverá prejuízos na saúde das pessoas a longo prazo, uma vez que alguns indivíduos, mesmo não tendo demonstrado fortes sintomas associados ao SARS-CoV-2, sentiram uma leve inflamação pulmonar comum em casos de pneumonia.

Até mesmo o coração de quem não tem sintomas corre riscos. Um estudo publicado no jornal científico JAMA, por exemplo, aponta que a inflamação pelo vírus pode causar complicações futuras, como arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e morte por ataque cardíaco.

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Por que alguns são assintomáticos?

Uma das respostas para a existência dos quadros sem sintomas pode estar nos morcegos. Os animais, apontados como fonte da doença na China, são capazes de carregar o coronavírus por anos sem serem infectados ou infectarem outras espécies.

É quando sofrem uma mudança de habitat ou estresse (como a venda em mercados vivos) que são capazes de passar doenças para outros hospedeiros que enfim chegam na espécie humana. Algumas pessoas podem ter semelhanças às dos morcegos, mas nada é concreto.

Um estudo chinês publicado também na revista Nature mostra que assintomáticos têm respostas imunes menos intensas do que aqueles que apresentam sintomas — o que explica a condição mais leve. O que pode acontecer nesses casos é que a resposta imune é forte o suficiente para acabar com o vírus sem ser prejudicial para a saúde do infectado, o que não acontece em casos mais graves.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o número de assintomáticos no mundo está entre “6% e 41%”, sendo que não é possível ter uma estimativa exata. É importante lembrar também que mesmo sem apresentar sintomas, um indivíduo pode infectar outras pessoas com a covid-19.

Esses casos não são exclusividade da covid-19. Segundo o epidemiologista Neil Ferguson do Imperial College London, na Inglaterra, os assintomáticos se fazem presentes também na gripe normal e podem ter existido na epidemia da Gripe Espanhola em 1918.
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Fonte: Exame