Festa de Natal deve ter poucas pessoas, ser ao ar livre e com máscara, indica especialista

Atualizado em 16/12/2020

As festas de final de ano se aproximam e continuamos a ter de lidar com as restrições para o controle da pandemia de Covid-19. O físico Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR, lembra que um encontro familiar no Natal representa um risco de criar um foco de contaminação, mas indica cuidados que podem reduzir o perigo e garantir a celebração.

As festas de final de ano se aproximam e continuamos a ter de lidar com as restrições para o controle da pandemia de Covid-19. O físico Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR, lembra que um encontro familiar no Natal representa um risco de criar um foco de contaminação, mas indica cuidados que podem reduzir o perigo e garantir a celebração.

O problema é conhecido: reuniões de pessoas aumentam as chances do contágio por um vírus transmitido por vias aéreas e que, muitas vezes, não causa sintomas nos doentes.

No caso de encontros de família, a situação piora. “As pessoas estão relaxadas por estarem entre amigos e familiares. Elas geralmente fazem este encontro em espaços fechados, mal ventilados, muitas vezes abaixam a guarda em relação ao uso de máscaras”, pontua Mori.

No entanto, é possível reduzir os perigos, com uma celebração de Natal que tome certos cuidados.

O primeiro ponto é diminuir o número de pessoas na festa. “Devemos evitar as festanças em locais fechados, falando alto. Vamos deixar aquela festa grande para outro momento”, afirma Mori. Não tem jeito: enquanto a pandemia da Covid-19 não estiver superada, ficar em um espaço com muitas pessoas continua a ser um risco.

Na França, o governo recomenda que a ceia de Natal não tenha mais de seis adultos. Em diferentes regiões da Alemanha, a indicação varia entre cinco e dez adultos por casa, no máximo. Na Bélgica, o limite recomendado é de apenas um convidado.

Mori lembra que não existe um número mágico e que o mais importante é considerar a quantidade de casas envolvidas. “O melhor dos cenários é fazer um encontro entre as pessoas que moram na mesma casa e tentar misturar o menor número possível de pessoas de residências diferentes.”

Dessa maneira, uma festa com seis pessoas, sendo três de cada residência, é melhor do que reunir seis pessoas em que cada uma mora em uma casa diferente, com círculos familiares distintos, explica o pós-doutorando da Universidade de Vermont. O objetivo é reduzir ao máximo o número de potenciais contatos.
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Ventilação é essencial

Decidido o número de convidados, a definição do lugar é crucial. Mori indica que um encontro ao ar livre, em um jardim, um parque ou na laje de casa é menos perigoso do que uma reunião em torno da mesa dentro de um apartamento.

“Um estudo de rastreamento de contatos feito no Japão verificou que o risco de contaminação em um local ao ar livre e bem ventilado é 19 vezes menor do que em ambiente fechado”, conta o físico.

Se ficar em um local aberto não for possível, o cuidado com a ventilação deve ser extra. Além de portas e janelas abertas, o membro do grupo Covid-19 BR aconselha o uso de ventiladores. “Coloque um ventilador com a parte traseira voltada para dentro de casa e as pás direcionadas para fora de casa. Assim, esse ventilador está puxando o ar de dentro para fora da casa”, explica.

Para entender a necessidade da ventilação, Mori propõe uma analogia com a fumaça do cigarro, um aerossol como as gotículas que expelimos enquanto falamos ou respiramos.

“Em um espaço aberto, bem ventilado, como um parque, tem uma pessoa fumando. Mesmo se eu não estiver tão distante dela, a fumaça vai se dispersar, o vento vai levar, eu não vou sentir muito o cheiro. Em compensação, em um ambiente fechado, mesmo se eu estiver a mais de um metro e meio dessa pessoa, eu vou acabar sentindo o cheiro dessa fumaça e inspirar uma grande quantidade dessa fumaça. Daí a importância de lugares abertos, espaços ventilados e do distanciamento.”
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Máscaras para conversar

Mesmo neste momento convivial, a máscara ainda é a regra. É essa proteção que reduz a projeção de “pequenas partículas de saliva, potencialmente contaminadas, que emitimos quando falamos, cantamos ou até mesmo quando respiramos”, explica Mori.

Ele aconselha as pessoas fiquem de máscara sempre que possível, tirando apenas para o momento da refeição. Nesta hora, o distanciamento é ainda mais importante. Sem máscara, projetamos mais longe as gotículas de saliva.

Outra medida para reduzir os riscos é evitar conversar à mesa. “Quanto mais falamos e mais alto falamos, mais aerossóis emitimos”, detalha.

Se um almoço em silêncio não parece simples, reduzir o número de pessoas que comem simultaneamente pode ser uma maneira de garantir mais distância entre os convidados.

Para quem pretende encontrar pessoas mais frágeis da família, o ideal, indica Mori, seria fazer alguns dias de quarentena antes da reunião. “Evite expor as pessoas que estão se protegendo”, conclui.
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Fonte: UOL