Estudo mostra que máscaras podem proteger da contaminação e prevenir o contágio por Sars-CoV-2

Atualizado em 2/8/2020

Para saber se uma máscara funciona, precisamos entender se ela impede ou reduz a contaminação de uma pessoa para outra. Mas não podemos fazer experimentos com seres humanos, por exemplo, colocar pessoas para conversar com e sem máscara, e ver quais pares se contaminam mais. Por isso, a melhor saída possível é estudar modelos animais. Foi o que fizeram pesquisadores da Universidade de Hong Kong, que estudaram se o uso de máscara em hamsters dourados poderia impedir o contágio por Sars-CoV-2, e ainda se a máscara seria eficaz para proteger o hamster sadio de se contaminar.

A pesquisa, publicada na Revista Clinical Infectious Diseases, da Universidade de Oxford, estudou os hamsters dourados, pois estes animais podem se contaminar com o Sars-CoV-2 e também transmitem o vírus entre seus iguais e para humanos. Os testes de confirmação da contaminação são parecidos com os das pessoas, com cotonete nasal e testagens sanguíneas.

No experimento, os animais foram colocados em gaiolas e parâmetros como contaminação no ar e outras testagens foram executados. Construíram uma câmara isolada e duas gaiolas de hamsters foram colocadas dentro deste compartimento. Um dos grupos foi contaminado com o Sars-CoV-2 e colocado perto de um ventilador, e o segundo grupo, sadio, afastado do ventilador. O ar só corria em uma direção, da gaiola dos contaminados para a dos sadios.

Um dos resultados encontrados foi que, sem o uso de barreiras, ao final de 7 dias 66,7% dos animais sadios foram contaminados. O resultado confirmou que o tempo de exposição ao vírus aumenta a probabilidade de contaminação. Ou seja, quanto mais dias o grupo esteve exposto ao vírus, mais animais se contaminaram.

Na segunda etapa foi verificado se as máscaras poderiam proteger os animais sadios de se infectar. Para isso, os pesquisadores executaram duas etapas de testes variando o posicionamento da máscara cirúrgica – aquela comum, com um lado branco e outro azul. Primeiramente eles instalaram a camada de máscara com  a parte branca voltada para a gaiola dos infectados, como se eles tivessem usando a máscara. Nesse caso, a ideia foi entender a capacidade da máscara de evitar a transmissão do vírus pelos hamsters portadores. Ao examinarem os hamsters no mesmo período de tempo, verificaram que a contaminação caiu para 16,7%, redução de quase 75% de transmissão do vírus.

Depois viraram a parte branca da máscara para a gaiola dos hamsters sadios, como se estes estivessem vestindo a máscara. Então verificaram que 33% dos sadios foram contaminados, ou seja metade da amostra, comparando o contágio inicial sem máscara, que foi de 66,7%. Fazendo um paralelo com humanos, se a pessoa sadia usar máscara e a infectada não usar, a chance de contágio é mais alta do que o contrário, se a infectada usar máscara e a sadia não usar.

Por fim, o estudo tem limitações, pois foi feito com hamsters e as máscaras não foram individuais. Ainda assim podemos comparar os índices de contaminação com o dos humanos, visto que o comportamento fisiológico dos hamsters em resposta ao Sars-CoV-2 é parecido com o nosso. Portanto, pode-se entender que o uso da máscara por infectados reduz em até 75% a chance de contaminar sadios na rua. Já sadios que usam máscara têm redução de 50% de chance de se contaminarem. Na dúvida, usemos máscaras!

Por: Luiza Mugnol Ugarte

Fonte: Instituto Dor