Espirros. As “minibombas atómicas” que podem chegar a 3,5 metros de distância

Atualizado em 16/12/2020

Autores do estudo aconselham tossir ou espirrar em direção ao solo para evitar que as partículas se espalhem pelo ar.

Etiqueta respiratória foi uma das expressões que entrou para o vocabulário dos portugueses desde o início da pandemia. Tossir ou espirrar para a zona do cotovelo, de forma a cobrir a expulsão de gotículas, é considerado um gesto importante para conter a transmissão de covid-19.

Agora, investigadores da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, concluíram que o alcance das micropartículas expelidas é maior do que o que se pensava. A distância que elas podem percorrer “ultrapassa consistentemente os dois metros” antes de fazerem contacto com o solo.

De acordo com o investigador Emiliano Renzi, no estudo publicado na Physics of Fluids, o fenómeno da expulsão de micropartículas segue a dinâmica de uma explosão nuclear e é semelhante ao fenómeno da física dos anéis de vórtice flutuantes, baseado na turbulência e na circulação de um vórtice num fluido ou gás.

“Em alguns casos, as gotas são impulsionadas a mais de 3,5 metros pelo vórtice flutuante, que funciona como uma minibomba atómica”, explicou o cientista.

Se as grandes gotículas geram problemas, não são menos complexos aqueles criados pelas pequenas partículas, que segundo os dados do estudo podem chegar a quatro metros de altura em apenas alguns segundos. Algo que, aliado aos sistemas de ventilação, vai interferir no trajeto das gotículas e propagar o vírus.

Auxiliadas pela turbulência gerada pelos sistemas de ar, essas gotículas podem subir até seis metros e permanecer no ar por tempo indeterminado, aumentando o risco de contágio. “Esses resultados começam a mostrar o quão longe as gotículas podem viajar em escalas de tempo relativamente curtas”, diz Renzi.

Os autores do estudo aconselham tossir ou espirrar em direção ao solo para evitar que as partículas se espalhem pelo ar. Além disso, como outros estudos já confirmaram, a distância de segurança socialmente aceite pode não ser suficiente em espaços internos com ventilação inadequada.
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Fonte: Diário de Notícias