Perda de olfato em profissionais da linha de frente com Covid-19 não diagnosticada

Atualizado em 13/8/2020

A identificação da perda do olfato como sintoma da COVID-19 é particularmente importante para os profissionais da linha de frente, que estão em alto risco de contrair e transmitir o novo coronavírus.

Conforme o conhecimento da doença avançava, novos sintomas foram descobertos. Esse foi o caso da anosmia, que foi incluída na lista de sintomas associadas à infecção aguda pelo SARS-CoV-2 nos meados de Maio.

Estudo realizado na Inglaterra procurou mostrar a associação entre a queixa da perda do olfato com infecção pelo SARS-CoV-2 não diagnosticada entre profissionais da linha de frente.

Os resultados apontam que o rastreio a partir deste sintoma pode ser ferramenta útil para reduzir a disseminação da doença.
.

Como o estudo sobre a perda de olfato foi realizado

Questionários anônimos foram distribuídos à equipe do Barts Health NHS Trust, em Londres. Um total de 262 profissionais de 4 hospitais responderam o questionários entre 17 e 23 de Abril de 2020.

A amostra foi representativa, com 59% dos participantes sendo do sexo feminino, 58% com menos de 40% e 6% acima de 60 anos.
.

Resultados do estudo com profiss

Dos 262 participantes, 73 (28%) já haviam sido testados para o SARS-CoV-2. Destes, 56 testaram positivo. Quanto à anosmia, 168 participantes (64%) relataram ter perdido olfato ou paladar nos últimos 2 meses.

Dentre estes com sintoma reportado de anosmia, 94 (48%) relataram sintomas leves de COVID-19, 93 (48%) sintomas moderados, e 7 (4%) sintomas graves.
.

Perda de olfato ou paladar e desenvolvimento de COVID-19

A perda de olfato ou paladar e o desenvolvimento de COVID-19 estiveram fortemente associados. Os participantes com anosmia ou ageusia tiveram maior probabilidade de testar positivo para o SARS-CoV-2 em comparação com aqueles que não relataram esse sintoma (odds ratio 4,9, IC 95% 1,4 – 17,1, p=0,01).
.

Recuperação do olfato e paladar

Um questionário de follow-up feito aproximadamente depois em 97 participantes do estudo mostrou que 45 (46%) recuperaram completamente o olfato ou paladar, 41 (42%) recuperaram parcialmente e 7 (7%) não haviam recuperado.

Aproximadamente dois terços dos profissionais reportaram perda de olfato ou paladar nos últimos 2 meses. Dentre estes, 71 (73%) continuaram a trabalhar normalmente, apesar do sintoma ser altamente indicativo de infecção pelo SARS-CoV-2.
.

Discussão

Testagem dos profissionais de saúde da linha de frente não tem sido ampla e disponível em muitos lugares. Ademais, uma grande proporção destes profissionais pode já ter desenvolvido COVID-19, apresentando sintomas leves, e por isso não foram testados, resultando em pequeno número de testes nessa população específica.

Neste cenário, o reconhecimento precoce da anosmia/hiposmia e ageusia/hipogeusia é necessária para identificar e urgentemente testar os profissionais da linha de frente. Essa pode ser ferramenta útil para rastreio entre os trabalhadores, permitindo o isolamento daqueles infectados, e evitando assim disseminação da doença.
.

Fonte: Sanar Medicina