Ex-morador de favela oferece testes gratuitos para conter coronavírus na Rocinha

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Objetivo de Desenvolvimento Sustentável #8 
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades

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Casas próximas, com muitos moradores e sem acesso a saneamento básico, é o cenário perfeito para a disseminação do novo coronavírus. Com isso em mente, o estudante de Administração Pública Pedro Berto, ex-morador da comunidade Vila Autódromo — demolida para a construção do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio — decidiu agir e criou a iniciativa Favela Sem Corona.

— A gente atua em três frentes: prevenção, diagnóstico e monitoramento — explicou Berto. — O diferencial é o diagnóstico, que nenhuma instituição está fazendo. Nós arrecadamos doações e, com esse dinheiro, oferecemos testes gratuitos para os moradores de comunidades.

Com população estimada em mais de cem mil habitantes, a Rocinha foi escolhida para dar início ao projeto por ter sido a primeira comunidade do Rio a registrar casos da doença. Para facilitar o acesso aos testes, Berto fechou parceria com uma clínica dentro da própria favela.

Em menos de dois meses foram realizados mais de cem exames, com custo de R$ 250 cada, e a expectativa é encerrar este mês, com pelo menos 200 testes feitos. Esse número, porém, está bem distante das necessidades da comunidade: o projeto já recebeu mais de dois mil pedidos.
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Mapa de risco

Todos os moradores podem se candidatar ao teste, desde que preencham um cadastro on-line informando os sintomas, a existência de comorbidades, a idade e a localidade onde vive. A partir dessas informações, é feita uma triagem.

— Infelizmente, a gente não consegue ajudar todo mundo. Mas tão importante quanto testar é testar as pessoas certas — disse Berto, acrescentando que esses dados, com a localidade, servem para a construção de um mapa de risco, que informa à população onde estão concentrados os casos confirmados e suspeitos. — A Rocinha tem aproximadamente 25 localidades. Com esses dados, a gente consegue fazer um rastreamento, indicar onde estão as regiões mais atingidas.

Berto conta que o projeto foi inspirado no modelo adotado pela Coreia do Sul no combate à pandemia, de testagem em massa e identificação dos casos para contenção da doença. Mas com a óbvia limitação orçamentária e adaptação à realidade das favelas cariocas.

— Favela tem tráfico, tem milícia, não tem saneamento… Nós precisamos lidar com essas especificidades. Na Coreia do Sul eles empregaram o exame drive-thru, mas nas favelas a maioria das pessoas não tem carro. O exame precisa ir até ela — comparou Berto.
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Doação sem dinheiro

Quem quiser apoiar o projeto pode entrar em contato pelo site favelasemcorona.com. Mas, para facilitar as doações, Berto fechou parceria com o aplicativo Ribon, que incentiva a filantropia permitindo que pessoas façam doações mesmo sem dinheiro.

Criado em 2017, o aplicativo distribui diariamente cem ribons — uma moeda digital usada na plataforma — a todos os usuários, que podem ser doados para diferentes causas. O Favela Sem Corona é um dos quatro projetos de combate à pandemia que estão sendo apoiados.

— Neste momento de crise, as pessoas querem ajudar, mas estão isoladas em casa. Uma forma simples de dar o seu apoio é usar o aplicativo e doar, mesmo sem dar dinheiro — explicou Rafael Rodeiro, diretor executivo da Ribon, acrescentando que a plataforma reúne 40 mil usuários ativos, sendo que dez mil entraram neste ano. — Nós tivemos uma semana em que a base de usuários aumentou em 20%.

Além do Favela Sem Corona, o Ribon apoia uma ação do Programa Mundial de Alimentos, ligado às Nações Unidas, para a distribuição de kits de descontaminação de alimentos para famílias de alunos de escolas públicas; doação de cestas básicas pela ONG Ação da Cidadania; e distribuição de renda mínima para catadores, pelo movimento Pimp My Carroça.
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Fonte: O Globo


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Casas próximas, com muitos moradores e sem acesso a saneamento básico, é o cenário perfeito para a disseminação do novo coronavírus. Com isso em mente, o estudante de Administração Pública Pedro Berto, ex-morador da comunidade Vila Autódromo — demolida para a construção do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio — decidiu agir e criou a iniciativa Favela Sem Corona.

— A gente atua em três frentes: prevenção, diagnóstico e monitoramento — explicou Berto. — O diferencial é o diagnóstico, que nenhuma instituição está fazendo. Nós arrecadamos doações e, com esse dinheiro, oferecemos testes gratuitos para os moradores de comunidades.

Com população estimada em mais de cem mil habitantes, a Rocinha foi escolhida para dar início ao projeto por ter sido a primeira comunidade do Rio a registrar casos da doença. Para facilitar o acesso aos testes, Berto fechou parceria com uma clínica dentro da própria favela.

Em menos de dois meses foram realizados mais de cem exames, com custo de R$ 250 cada, e a expectativa é encerrar este mês, com pelo menos 200 testes feitos. Esse número, porém, está bem distante das necessidades da comunidade: o projeto já recebeu mais de dois mil pedidos.
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Mapa de risco

Todos os moradores podem se candidatar ao teste, desde que preencham um cadastro on-line informando os sintomas, a existência de comorbidades, a idade e a localidade onde vive. A partir dessas informações, é feita uma triagem.

— Infelizmente, a gente não consegue ajudar todo mundo. Mas tão importante quanto testar é testar as pessoas certas — disse Berto, acrescentando que esses dados, com a localidade, servem para a construção de um mapa de risco, que informa à população onde estão concentrados os casos confirmados e suspeitos. — A Rocinha tem aproximadamente 25 localidades. Com esses dados, a gente consegue fazer um rastreamento, indicar onde estão as regiões mais atingidas.

Berto conta que o projeto foi inspirado no modelo adotado pela Coreia do Sul no combate à pandemia, de testagem em massa e identificação dos casos para contenção da doença. Mas com a óbvia limitação orçamentária e adaptação à realidade das favelas cariocas.

— Favela tem tráfico, tem milícia, não tem saneamento… Nós precisamos lidar com essas especificidades. Na Coreia do Sul eles empregaram o exame drive-thru, mas nas favelas a maioria das pessoas não tem carro. O exame precisa ir até ela — comparou Berto.
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Doação sem dinheiro

Quem quiser apoiar o projeto pode entrar em contato pelo site favelasemcorona.com. Mas, para facilitar as doações, Berto fechou parceria com o aplicativo Ribon, que incentiva a filantropia permitindo que pessoas façam doações mesmo sem dinheiro.

Criado em 2017, o aplicativo distribui diariamente cem ribons — uma moeda digital usada na plataforma — a todos os usuários, que podem ser doados para diferentes causas. O Favela Sem Corona é um dos quatro projetos de combate à pandemia que estão sendo apoiados.

— Neste momento de crise, as pessoas querem ajudar, mas estão isoladas em casa. Uma forma simples de dar o seu apoio é usar o aplicativo e doar, mesmo sem dar dinheiro — explicou Rafael Rodeiro, diretor executivo da Ribon, acrescentando que a plataforma reúne 40 mil usuários ativos, sendo que dez mil entraram neste ano. — Nós tivemos uma semana em que a base de usuários aumentou em 20%.

Além do Favela Sem Corona, o Ribon apoia uma ação do Programa Mundial de Alimentos, ligado às Nações Unidas, para a distribuição de kits de descontaminação de alimentos para famílias de alunos de escolas públicas; doação de cestas básicas pela ONG Ação da Cidadania; e distribuição de renda mínima para catadores, pelo movimento Pimp My Carroça.
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Fonte: O Globo