41% dos brasileiros estão sofrendo de ansiedade

Atualizado em 6/6/2020

Psicóloga Flor Teixeira fala sobre sintomas e prevenção

Cerca de 41% dos brasileiros têm sofrido de ansiedade em decorrência da pandemia que assola o mundo, conforme levantamento feito pela Tracking the Coronavirus, ligada ao Instituto Ipsos, em 16 países. Segundo pesquisa, publicada na última segunda-feira, dia 1º, as mulheres são as mais afetadas, correspondendo a 49% dos participantes – os homens ficaram com 33% e crianças representam 18%.

O pódio do ranking ainda é composto pelo México, com 35%, e pela Rússia, com 32%. Já países como Japão (6%), Alemanha (7%) e Coreia do Sul (15%) são, a nível global, os que têm a população que menos sentiram efeitos da ansiedade neste período.

Diante do contexto atual do mundo, alguns níveis de ansiedade podem ser considerados dentro da normalidade quando ocorre de maneira pontual, como por exemplo, ao acordar, ou a oscilação de alguns comportamentos e sentimentos. É o que explica a psicóloga Flor Teixeira.

“A ansiedade pode aparecer um dia, ou durante um final de semana, porque a pessoa tinha a rotina de sair, encontrar os amigos. Podemos ter algumas ansiedades pontuais que está dentro da normalidade. O que precisamos ficar atentos é se esses comportamentos acabam permanecendo por um período maior”, aponta a especialista.

Um dos principais relatos da população ansiosa é o sintoma da insônia. Muitos passaram a dormir somente com o dia amanhecendo, sentem fadiga ao acordar, e pela noite sofrem novamente para dormir, por ter passado o dia no computador ou celular.

“Tem também outro sintoma que é o da perda de interesse. A pessoa fica sem vontade de fazer nada. Não quer cozinhar, estudar, nem ligar para os familiares. E fica também com o sentimento de desamparo. Que é aquele quadro de quando a pessoa acha que não tem ninguém para apoiá-la. Nesse estágio ela começa a perder a esperança de que algo possa melhorar, então acaba perdendo o interesse pela vida. Esse sentimento pode levar ao que a gente chama de ansiedade paralisante, que é quando a pessoa acaba exagerando ainda mais o sentimento de pânico, e pode acontecer uma crise, podendo iniciar um processo depressivo e chegar nas idéias suicidas”, ressalta a psicóloga Flor.

Esses sintomas, conforme citados pela psicológa acima, mostram o estágio mais avançado da ansiedade e que, de acordo com a explicação dela, servem como sinal de alerta para que o paciente busque ajuda profissional.

Ainda conforme Flor Teixeira, não há receita específica para prevenir ansiedade. “Cada pessoa tem seu contexto, alimentação, ritmo e possibilidades.

Por isso, é preciso experimentar todas elas e buscar quais são as coisas que vão te dar o equilíbrio. Pode ser uma atividade física, pode ser uma ligação por vídeo, cozinhar, ler um livro, ter uma vizinha e conversar pela janela. É preciso experimentar para saber o que funciona com você. A meditação tem sido uma das práticas mais difundidas em todo o mundo e ela traz resultados brilhantes, mas nem todos conseguem de imediato responder à meditação. É o momento de começar a olhar para si. Ficamos restritos a conhecer esse mundo externo, a fazer as viagens, conhecer locais. Mas, ao mesmo tempo fomos convidados a conhecer nosso próprio mundo interno. Quem somos, o que gostamos, o que devemos mudar, o que precisamos refletir. Então acho que a gente precisa desse olhar nesse momento”, disse.

Outro sintoma bastante relatado por pacientes com ansiedade é a compulsão alimentar, e a psicóloga também explica sobre ele. “A ansiedade pode acarretar diferente estados. Depressivo, compulsivo, e gerar diferentes impactos. Temos visto muitos relatos de compulsão alimentar, pois existe uma facilidade maior em utilizar o alimento como defesa. Além disso, também notamos aumento do consumo de bebidas alcoólicas também. Porque houve uma facilitação a uma pratica de lazer que estimula esse consumo, e também porque mudou muito a rotina. A gente tinha sábado e domingo para essa pratica, mas, com a mudança das atividades, onde muitas estão suspensas, muita gente tem trocado, o sábado e o domingo se estendeu para os demais dias da semana. Por isso precisamos ficar atento a todos os sinais”, analisa Flor.

Fonte: Jornal da Cidade Online