Como combater o coronavírus usando a ventilação correta

Atualizado em 6/11/2020

O risco de contaminação do novo coronavírus através do ar-condicionado já foi comprovado por vários estudos.

Com a chegada do verão no hemisfério sul, em dezembro, o uso do aparelho se torna mais habitual, mas devemos estar atentos a esse risco real e buscar alternativas que sirvam, ao mesmo tempo, para nos refrescar e não nos infectar.
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Ventilação de ambientes

É fundamental que espaços fiquem arejados e ventilados para que o vírus não se propague. Para esse fim, a ventilação natural pode ser uma poderosa aliada.

O site espanhol Newtral publicou uma reportagem mostrando a eficácia da ventilação para evitar o contágio do SARS-CoV-2, já que ela espalharia a nuvem de micropartículas que infecta as pessoas em um lugar fechado.

Os primeiros 5-8 segundos após um tossido ou espirro já são suficientes para deixar micropartículas infectadas no ar. O volume da nuvem respiratória sem máscara é 7 vezes maior do que com uma máscara cirúrgica e 23 vezes maior do que com uma FFP2.
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A máscara é fundamental

A máscara atua como uma espécie de abafador das micropartículas, impedindo-as de se propagarem de forma direta, sobretudo, em ambientes fechados.

Ou seja, é fundamental o uso da máscara para evitar o contágio a partir de uma pessoa infectada. Mas, além dela, a ventilação do local também é de suma importância.

Contudo, uma janela ou porta aberta pode, inclusive, ter um efeito contrário se na linha por onde o ar entra se situar outra pessoa, já que a corrente de ar pode deslocar a nuvem com partículas contaminadas.

Por isso a ventilação deve ser correta.
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Correntes de ar

A regra geral é de que o ar quente sobe para um entorno mais frio. Tendo isso em mente, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambridge fez um teste em um ambiente virtual para calcular as dinâmicas do ar em movimento.

O estudo, publicado no periódico científico Journal of Fluid Mechanics, simulou quatro cenários com uma pessoa contaminada dentro do ambiente, como mostra o vídeo da publicação da Newtral.

Em um cenário, por exemplo, com o ar-condicionado funcionando e com todos usando máscara, o ar frio joga o ar quente para cima, atenuando a propagação do vírus.

Em um outro cenário, no qual o ar-condicionado está desligado e as janelas permitem que o ar entre, embora não haja uma corrente, uma pessoa sem máscara joga o ar quente para cima produzindo uma nuvem perigosa, sobretudo, se há outra pessoa próxima, como ocorreu naquele restaurante, na China, onde vários clientes contraíram Covid-19.

É aí que entra o papel da ventilação para ajudar na dispersão do vírus. O problema é que cada ambiente tem sua peculiaridade e nem todos têm um sistema de ventilação aberto que, literalmente, jogue o vírus para fora.

Infelizmente, também, não podemos fiar que sempre as pessoas dentro de um recinto estarão usando devidamente a máscara.
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Orientações da OMS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o documento “Ventilação, ar-condicionado e Covid” para orientar como a ventilação deve ser usada como aliada para diminuir o risco de infecção do novo coronavírus.

De acordo com o G1, as orientações da entidade sobre o uso do ventilador são:

  • Deve ser usado somente em casa e em espaço compartilhado por membros da mesma família que vivem juntos;
  • Não deve ser usado em caso de algum membro da família estar infectado;
  • Não deve ser ligado quando alguém externo à família estiver no ambiente domiciliar;
  • Em locais de trabalho ou escolas, o ventilador deve ser ligado com porta e janelas abertas para permitir a troca de ar do ambiente externo com o interno;
  • A melhor opção é o ventilador de teto, pois o de mesa ou pedestal sopram o vento diretamente de uma pessoa a outra;
  • Janelas e portas sempre devem estar abertas durante o uso do ventilador.
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Ventilador x ar-condicionado

Embora não seja 100% seguro, é mais aconselhável usar o ventilador no lugar do ar-condicionado. De acordo com a publicação da OMS, a função de recirculação deste aparelho não deve ser usada jamais, em nenhum momento, além de o ar-condicionado precisar ser limpo regularmente.

No calor insuportável do verão brasileiro, sabemos que pode ser muito difícil abrir mão do ar-condicionado. Uma opção, além de seguir as recomendações acima, é optar por um ar-condicionado de janela, que tem uma saída de ar externa.

O problema não é nem no ar-condicionado em si, mas o confinamento de pessoas em um mesmo ambiente em que ele esteja ligado. Como há pouca circulação de ar, caso haja alguém infectado no ambiente, o nível de propagação do vírus é alto.

Especialistas consultados pela BBC disseram que, no contexto atual, as pessoas precisarão se adaptar a usar o ar condicionado combinado a outras formas de ventilação, como ventiladores e climatizadores, deixar frestas abertas ou, ainda, usá-lo associado a ventiladores e janelas abertas.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos publicou uma cartilha sobre o uso de ar condicionado tanto em ambientes domésticos quanto corporativos.
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Quanto mais ar fresco melhor

Claro que existem variáveis a serem consideradas, como os condutos de ventilação, a quantidade de pessoas falando e em movimento dentro de um ambiente, altura do teto, portas que abrem e fecham, as quais interferem no nível de exposição ao vírus.

O importante é que quanto mais ar fresco entre em um lugar, melhor será a diluição dos contaminantes presentes dentro de um espaço fechado. Nos lugares em que não há como as janelas serem abertas, seria adequado um sistema mecânico de ventilação para aumentar o bombeamento do ar vindo de fora.

Uma opção pare reduzir o risco de contaminação são os purificadores de ar. De acordo com uma outra matéria da BBC, essas máquinas extraem partículas de ar usando um filtro feito de fibras que capturam bactérias e vírus.

Colocar perto de uma janela um ventilador que sopre o ar de dentro para fora, também aumenta a circulação do ar.

Ainda que para driblar o coronavírus seja difícil conseguir um sistema de ventilação perfeito em ambientes fechados, é preciso deixar o ar se movimentar de maneira otimizada, para poder jogar fora o máximo de micropartículas contaminadas.

Nesse contexto, a ideia é fazer com que os ambientes internos sejam tão ventilados quanto os externos. Nas ruas, ao ar livre, a disseminação do vírus é bem mais difícil. A ideia é chegar o mais próximo possível desse cenário.
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Por: Gisella Meneguelli

Fonte: Green Me