Calorão à vista: ar-condicionado é seguro em época de coronavírus?

Atualizado em 4/11/2020

Ainda que distantes a mais de dois meses do verão, os próximos dias prometem ser típicos da próxima estação no Rio Grande do Sul, com temperatura ultrapassando a marca dos 30°C em diversos municípios. Para amenizar o calorão, uma das saídas mais comuns é o uso de ar-condicionado. No entanto, em razão da pandemia de coronavírus, surgem muitas dúvidas sobre o assunto.

A transmissão do sars-cov-2 pelo ar ainda gera debates. Inicialmente, esse tipo de contaminação era reconhecido em poucas atividades, porém, depois de discutir o tema com cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu a possibilidade desse tipo de transmissão. Ainda assim, o risco é restrito a algumas circunstâncias específicas (leia abaixo). Já o papel do ar-condicionado nessa possível disseminação é um pouco mais claro. Ao que tudo indica, equipamentos com manutenção em dia e que fazem a troca de ar com o ambiente externo são alternativas seguras para o período da pandemia.

Abaixo, esclarecemos alguns pontos. Leia:

Ar-condicionado é seguro?

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) recomenda que os aparelhos sejam usados para diluição, redução da concentração de vírus pela renovação com o ar externo e o uso de filtros no ar insuflado. Em julho, o engenheiro mecânico Oswaldo de Siqueira Bueno, consultor técnico da Abrava, conversou com GZH e explicou que há uma série de normativas, tanto para ambientes domésticos quanto públicos, que devem ser seguidas quanto à renovação do ar na hora de instalar um equipamento.

Tudo, em termos de normas, fala em renovação de ar. Cada uma delas tem um capítulo dedicado à qualidade e à renovação do ar. Mas tem outro lado: 65% do faturamento das vendas de máquinas é dos chamados “minisplit”. As pessoas querem fazer uma instalação de menor preço, e não incluem a renovação de ar — afirmou Bueno.

Se seguir todas as regras, os ambientes têm renovação, o que dilui o contaminante, mas depende da instalação.

Os chamados “minisplit”, que não têm renovação do ar pelo aparelho, precisam ser usados com uma janela aberta, recomenda a Abrava.

A OMS reforça que “um sistema bem mantido e operado pode reduzir a disseminação da covid-19 em espaços fechados, pois aumenta a taxa de troca de ar, reduz a recirculação de ar e aumenta o uso de ar externo”. O modo de recirculação de ar, no entanto, não deve ser usado.

E ventiladores, são seguros?

Em seu site, a OMS afirma que os modelos de mesa ou pedestal são seguros para circulação de ar entre pessoas que morem em uma mesma residência. Logicamente, a recomendação não é válida caso tenha algum indivíduo infectado no local.

Quando há pessoas que não são coabitantes em um mesmo ambiente, os ventiladores devem ser evitados, indica a OMS. Locais onde o uso do aparelho é inevitável devem manter janelas e portas abertas para minimizar o sopro de ar de uma pessoa para outra. Ventiladores de teto, acrescentou a OMS, são bons para evitar a estagnação do ar, entretanto, só devem ser ligados quando houver uma fonte de ar externo, como de janelas ou portas abertas.

A Abrava, porém, não recomenda o uso de ventiladores/ circuladores de ar cuja única função é a de circular o ar para reduzir o desconforto pelo calor em locais como escolas ou dentro de salas de aula. De acordo com a entidade, “como contrapartida mistura o ar contaminado por uma ou mais pessoas para todo o ambiente aumentando o número de pessoas contaminadas”.

Transmissão aérea

Muito discutida, a transmissão do coronavírus pelo ar foi reconhecida pela OMS em meados de julho. Em uma atualização das formas de transmissão da covid-19, a entidade advertiu que “uma pessoa suscetível pode inalar aerossóis e pode ser infectada”. No entanto, ponderou que ainda não estão claras a quantidade de gotículas com vírus exaladas e a dose viável de sars-cov-2 necessária para infectar uma pessoa.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (CDC, da sigla em inglês) explica, em documento atualizado em seu site no dia 5 de outubro, que o coronavírus se espalhou principalmente através das gotículas respiratórias com o vírus em um pequeno espaço. “Não há evidência de disseminação eficiente em pessoas distantes ou que entram em um local horas depois que uma pessoa infectada esteve no local”, determinou.

Contudo, acrescentou o CDC, há algumas circunstâncias que podem favorecer a contaminação, como, por exemplo, ficar em ambientes fechados com uma pessoa infectada, ficar muito tempo exposto a partículas respiratórias e ventilação ou tratamento de ar inadequados.
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Fonte: Portal Plural